Artes

Escritor angolano Ondjaki recebe Prémio Saramago

Ondjaki Direitos Reservados

Ondjaki recebeu hoje o Prémio José Saramago pelo romance «Os transparentes», no dia em que é publicado o seu novo livro, «Uma escuridão bonita», com ilustrações de António Jorge Gonçalves.

O Prémio José Saramago é o segundo galardão que o escritor angolano recebe este ano, depois do Prémio Fundação Nacional do Livro Infantil, pela obra de ficção juvenil «A bicicleta que tinha bigodes», que lhe tinha já valido o Prémio Bissaya Barreto, no ano passado.

Ondjaki, pseudónimo literário de Ndalu de Almeida, é um termo da língua umbundu que significa "guerreiro". O autor estreou-se literariamente em 2000 com o livro de poesia «actu sanguíneu», que lhe valeu uma menção honrosa do Prémio António Jacinto, nesse mesmo ano.

Nascido em Luanda há 36 anos, Ondjaki tem publicados vários títulos nas áreas de poesia, conto, novela, romance e teatro, e assinou, em 2006, com Kiluanji Liberdade, o documentário «Oxalá cresçam pitangas».

Ondjaki é autor de 19 títulos, incluindo o publicado hoje pela Editorial Caminho, e, entre eles, refira-se «Bom Dia Camaradas», «O Assobiador», «Há Prendisajens com o Xão», «Quantas madrugadas tem a noite», «Materiais para confecção de um espanador de tristezas», «Os vivos, o morto e o peixe-frito», «O voo do Golfinho», e «Uma escuridão bonita».

Sobre o romance distinguido hoje com o Prémio Saramago, Manuel Frias Martins, membro do júri, afirma «que resulta de ou se estrutura por uma série de retratos sucessivos de habitantes, sobretudo os mais pobres, de Luanda e dos contextos da vida social que os caracteriza».

Ana Paula Tavares, também do júri, realça que «o prédio, lugar central do romance [«Os Transparentes»], é um lugar de memória do que poderia ter sido o sonho de toda uma sociedade harmoniosa e justa como no princípio dos tempos se pensava, para ser apenas isso a memória alimentada por um quotidiano perverso».