Economia

Patrões e sindicatos divergem quanto ao aumento da idade da reforma

As confederações patronais reconhecem a necessidade de aumentar a idade da reforma, uma vez que esta deve ser adaptada à esperança média de vida, ao contrário das estruturas sindicais, que rejeitam esta subida conforme pretende o Governo.

As confederações patronais reconhecem a necessidade de aumentar a idade da reforma, uma vez que esta deve ser adaptada à esperança média de vida, ao contrário das estruturas sindicais, que rejeitam esta subida conforme pretende o Governo.

«Compreendemos a necessidade, porque cada vez vivemos mais tempo e, sendo certo que vivemos mais tempo devemos ir adaptando a idade da reforma», afirmou o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP-CEP), António Saraiva.

Falando aos jornalistas no final de uma reunião de mais de quatro horas em sede de Concertação Social, o presidente da CIP disse que, embora compreenda a subida da idade de acesso à pensão imposta pelo Governo, que esta deve ser compatibilizada «com o rejuvenescimento dos quadros das empresas e com o acesso à reforma daqueles que queiram utilizar esse acesso sem qualquer penalização».

Também o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, manifestou «abertura em relação ao aumento da idade da reforma» para os 66 anos a partir de 01 de janeiro de 2014, mas levantou algumas questões.

«Gostaríamos que isso fosse escalonado ao longo de mais anos de modo a não obrigar as empresas nesta fase a adiarem a entrada de trabalhadores no acesso às suas reformas, o que dificulta o emprego jovem», afirmou.

No entanto, «o aumento da esperança média de vida leva à necessidade deste aumento de idade, mas feito com conta, peso e medida num prazo mais alargado», declarou Viera Lopes.

Ao contrário dos representantes dos patrões, a UGT e a CGTP abandonaram este encontro com uma posição em comum: a de rejeição à proposta do Governo.

«Esta proposta que o Governo apresentou está assente na continuação da situação do modelo de baixos salários. Aquilo que nos está a ser apresentado é reduzir os salários dos trabalhadores no ativo de hoje para amanhã reduzir as reformas, com uma agravante. Quanto mais jovens os trabalhadores, maior a penalização na pensão de reforma», declarou o secretário-geral da intersindical, Arménio Carlos.

O sindicalista considerou que a proposta do executivo traduz um «retrocesso social e geracional, em que a esperança média de vida é utilizada como um elemento para rechaçar a qualidade de vida».

A UGT, presidida por Lucinda Dâmaso, rejeitou igualmente o documento e criticou «a decisão unilateral» do executivo de alterar as regras sem que para isso tivesse ouvido os parceiros sociais.

«Rejeitamos o aumento da idade da reforma, rejeitamos que para o futuro haja uma situação de incerteza sobre qual é a idade da reforma a partir do ano de 2014. Devíamos ter uma lei que pudesse dizer a todos os trabalhadores que, a médio e longo prazo, há uma perspetiva, mas não temos. Rejeitamos o documento», disse Lucinda Dâmaso.

A apresentação das alterações ao fator de sustentabilidade foi feita aos parceiros sociais pelo ministro do Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, que não prestou quaisquer declarações aos jornalistas.