O presidente da Câmara de Viana do Castelo depositou hoje uma coroa de flores na mesa da assinatura de contrato de subconcessão dos estaleiros navais ao grupo Martifer, para assinalar o «velório da construção naval em Portugal».
«Vim a um velório, ao velório da construção naval em Portugal», disse aos jornalistas José Maria Costa, antes do início da cerimónia no forte de São Julião da Barra, em Oeiras.
O autarca tem contestado a decisão do Governo de proceder à subconcessão dos estaleiros navais, tendo chegado a apresentar duas participações à Procuradoria-Geral da República (PGR), alegando dúvidas sobre a legalidade deste processo, pedindo ao primeiro-ministro para suspender esta subconcessão, por ser uma "história mal contada".
No final da cerimónia, a que não assistiu, esperando pela comunicação social no exterior, José Maria Costa disse que as promessas para continuar a "construção naval" em Viana do Castelo "é apenas vento".
O autarca disse que "grande parte" dos antigos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo vai trabalhar para os estaleiros da Galiza, lamentando a "perda" de um "centro de competências" de construção naval no país.
"Esta empresa era viável, tinha encomendas e que este ministro assassinou completamente", acusou José Maria Costa.
O autarca assegurou no entanto que a câmara municipal "não é uma força de bloqueio" e afirmou que "qualquer empresa que esteja naquele espaço terá todo o apoio da autarquia" no objetivo da criação de emprego.
Pela subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos estaleiros até 2031 a nova empresa West Sea, criada pelo grupo Martifer, pagará ao Estado uma renda anual de 415 mil euros, prevendo recrutar 400 trabalhadores.
Entre 20 de dezembro e 09 de janeiro já aderiram ao plano amigável para rescisão dos contratos 120 dos 609 trabalhadores dos estaleiros. Por estes acordos, já assinados, os estaleiros pagaram oito milhões de euros, indicou à Lusa fonte da empresa pública.
O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, afirmou quinta-feira que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo "renascem" hoje, com a assinatura do contrato de subconcessão, antecipando que muitos dos que criticaram daqui a cinco anos vão "aplaudir esta decisão".
A coroa de flores foi entretanto retirada pela organização da cerimónia.