As Nações Unidas temem um genocídio na República Centro Africana. O responsável pelos últimos três anos de operações humanitárias no país, disse, esta manhã, em Genebra, que os sinais que trouxe de Bangui não são diferentes, dos registados no Ruanda e na Bósnia, no final do século passado.
Todos os elementos estão reunidos para que haja um genocídio na República Centro Africana, alertou hoje o chefe das operações humanitárias da ONU, John Ging, apelando a uma ampla mobilização humanitária e militar e a uma estabilização política.
«Existem todos os elementos que vimos em locais como o Ruanda, a Bósnia, estão lá os elementos para um genocídio. Isto não levanta dúvidas», declarou Ging durante uma conferência de imprensa em Genebra, depois de ter estado cinco dias na República Centro Africana (RCA).
«São cometidas atrocidades de forma contínua», explicou, sublinhando: «as comunidades têm medo. As pessoas têm medo das outras comunidades».
O responsável da ONU defendeu que sejam criadas «as condições para que o medo desapareça», advertindo que «as consequências serão dramáticas» se não se agir «imediatamente».
Ging exortou a comunidade internacional a aumentar a ajuda financeira para que seja fornecida assistência humanitária na RCA. Dos 247 milhões de dólares pedidos em dezembro, a ONU recebeu apenas seis por cento, ou seja, 15,5 milhões de dólares, lamentou.
No plano militar, sublinhou que «as tropas mobilizadas fizeram um bom trabalho», mas apelou aos países para reforçarem a missão internacional.