O presidente dos CTT assegura que a empresa não abandona as populações, mas não exclui a hipótese de encerrar mais estações de correios.
Francisco Lacerda defende que nalguns locais a deslocação dos serviços prestados pelos CTT para Juntas de Freguesia e mercearias tem vantagens. «A mercearia que pode ter lá uma ou duas pessoas de repente tem um pouco mais de receita todos os meses, a Junta de Freguesia que não conseguia estar aberta o dia todo porque não tinha receita para estar aberta o dia todo, com os acordos com os CTT, passa a poder ter uma pessoa o dia inteiro porque o que recebe dos CTT dá para pagar a essa pessoa», afirma Francisco Lacerda.
Quando questionado sobre o número de estações que podem encerrar este ano, o presidente dos Correios de Portugal diz não poder adiantar números concretos e afirma que esse assunto não está para já a ser analisado.
Para já não estão previstos novos despedimentos
Entre 2010 e 2012, o número de trabalhadores dos CTT caiu de 14 mil e 500 para 13 mil e 200. Questionado sobre se haverá novos despedimentos em 2014, Francisco Lacerda diz mais uma vez não poder falar sobre números concretos, mas defende que «há sempre capacidade de otimização».
Apesar disso, o presidente dos CTT assegura que «à luz de hoje» não há excesso de trabalhadores, «o que não quer dizer que os CTT estejam otimizados ao máximo», acrescenta.
Sem dar conta dos planos futuros dos CTT quanto à otimização dos recursos humanos, Francisco Lacerda deixa uma garantia: «há duas preocupações que estão permanentemente em cima da mesa, manter a otimização e eficiência dos CTT (...) e ao mesmo tempo tentar ir por vias que protejam as pessoas que trabalham nos CTT».
Os CTT vão ser compensados por integrarem Lojas do Cidadão
Francisco Lacerda não é claro sobre a qual a compensação que os CTT vão receber pela integração das lojas do cidadão nas estações dos correios. «O modelo económico não está ainda definido, mas no fundo é encaixar na forma como o estado e os cidadãos se relacionam e os CTT serem compensados por esse efeito», afirma o presidente dos CTT.
Na entrevista à TSF e Dinheiro Vivo, Francisco Lacerda defende que não é inevitável que seja o Estado a pagar. « Em muitos casos nós cidadãos pagamos ao Estado por determinados serviços e pode ser uma parte dessa receita que seja desviada para quem de facto presta o serviço, poupando o estado na prestação do serviço», diz Francisco Lacerda que acredita que os cidadãos também não vão ter de pagar mais por terem as Lojas do Cidadão nos CTT.
«Aqui não há um acréscimo de custos para viabilizar uma solução com os CTT, nem um pagamento do Estado aos CTT que ajude os CTT a serem mais rentáveis», diz o presidente dos Correios de Portugal.
Francisco Lacerda recorda que foi assinado um protocolo entre os CTT e o Estado que previa um projeto piloto, projeto esse que já arrancou. « Já houve formação de várias pessoas dos CTT, é um número muito grande de colaboradores que já estão formados, há testes a acontecer em determinadas situações, mas é preciso aguardar mais algumas semanas ou um par de meses para termos conclusões do piloto», afirma.
«O que procuramos aqui é encontrar uma solução que seja positiva, para o Estado, seja positiva para os CTT. Se ela existir teremos um acordo», remata Francisco Lacerda.
O Banco Postal não se faz «do pé para a mão»
Ainda não é este ano que vai arrancar o Banco Postal. «Não é uma coisa que se faça do pé para a mão», afirma o presidente dos CTT.
Francisco Lacerda diz que os termos e o momento em que vai ser lançado o Banco Postal só vão ser decididos entre o terceiro e o princípio do quatro trimestre quando o novo conselho de administração estiver em funções. «Depois demorará sempre algum tempo a instalá-lo», diz o presidente dos Correios que confessa ter ficado muito satisfeito com a resposta do Banco de Portugal que em Novembro do ano passado deu luz verde à constituição do Banco Postal.
Opinião de Pires de Lima tem peso
Francisco Lacerda admite que a opinião do ministro da Economia, que defendeu a continuação da atual administração dos CTT, vai ter peso na decisão.
«A assembleia geral decidirá aquilo que vier a decidir, onde o acionista estado tem o papel proporcional à posição importantíssima que tem no capital», afirma o atual presidente dos CTT que diz que não está ainda marcada a primeira Assembleia Geral após a privatização, mas adianta que a convocação deverá ser promovida até ao final de Fevereiro.