A reforma do Estado, mas também a sua demissão e a de Paulo Portas são alguns dos temas da longa entrevista que o antigo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, deu à jornalista Maria João Avillez. A entrevista passou a livro que chega hoje às livrarias.
Em excertos do livro que são hoje publicados pelo Diário de Notícias, Correio da Manhã, Jornal de Negócios, Diário Económico, Expresso e Jornal de Notícias, o antigo ministro das Finanças diz que o motivo mais forte para sair do Governo foi a impossibilidade de concluir a tempo o sétimo exame regular da troika.
Uma razão que Vítor Gaspar relaciona com a vontade de mudar de rumo expressa por Paulo Portas.
No livro que chega hoje às livrarias, Vítor Gaspar nunca critica de forma direta Paulo Portas, mas chama a atenção para os elevados custos que o anúncio da demissão do então ministro dos negócios Estrangeiros teve para o país e compara essa saída com a sua. Diz que a sua demissão foi preparada de uma forma profissional e por isso o impacto nos mercados foi muito pequeno.
Já o anúncio da saída de Paulo Portas mostra a relevância da política. No dia seguinte, as taxas de juro a dez anos ultrapassaram os 7 por cento. Vítor Gaspar não se pronuncia sobre as motivações de Paulo Portas, uma pessoa que diz ter uma grande ambição política.
No livro, explica ainda que a reforma do Estado não avançou mais cedo porque tem custos para os interesses organizados que, segundo Vítor Gaspar, estão solidamente enraizados desde o Estado corporativo construído por Salazar.
No livro, Vítor Gaspar conta ainda que partiu dele a iniciativa para conversar com Eduardo Catroga e ajudar a elaborar o programa do PSD. Viu algo na televisão que lhe pareceu errado e pensou que o melhor era tentar corrigir o erro rapidamente.
Diz que havia no PSD uma consciência muito imperfeita sobre como funcionavam as negociações financeiras internacionais. Depois dos conselhos que deu, revela que foi contactado por António Borges, em nome de Pedro Passos Coelho, para o convidar para a pasta das Finanças. Aceitou porque há momentos em que não se pode dizer que não.
O livro com a entrevista de Maria João Avilez a Vítor Gaspar é posto hoje à venda e será apresentado na próxima terça-feira por António Vitorino.