Política

Estudo: "Boys" ajudam a controlar administração pública

As nomeações do Estado são recompensas dadas aos militantes do partido mas servem também para controlar as políticas da administração pública. São estas as principais conclusões de um estudo levado a cabo na Universidade de Aveiro, agora publicado.

O estudo analisou uma amostra de cerca de 11 mil nomeações para vários cargos da administração pública entre 1995 e 2009.

As conclusões são claras. Os "jobs for the boys" servem para recompensar serviços prestados ao partido, mas não só. Segundo Patrícia Silva, coordenadora deste trabalho, estas nomeações têm uma implicação mais profunda: elas servem para influenciar as políticas públicas prosseguidas pelo Executivo.

Para a investigação foram ouvidos os testemunhos de 51 intervenientes nos processos de nomeação: entre eles, ministros e dirigentes partidários. À investigadora eles confirmam a ideia de que existem de facto pressões para a contratação de militantes do partido.

É destas conversas que partem os modelos estatísticos aplicados para confirmar os dois tipos de nomeações: as recompensas por lealdade e a necessidade de controlo da máquina do Estado.

Segundo o estudo, quando os governantes recompensam lealdade atiram os "boys" para posições hierárquicas intermédias, em gabinetes ministeriais ou em serviços periféricos da administração pública.

Outra hipótese, conta a investigadora ao Diário de Notícias, «são posições menos visíveis mas também atrativas do ponto de vista financeiro». Cargos em embaixadas, por exemplo. Normalmente, este tipo de nomeações aparecem no fim dos mandatos mas antes das eleições seguintes.

Já quando objetivo é garantir que as políticas públicas são controladas e que avançam sem problemas, aí os cargos ocupados são outros e as nomeações acontecem logo no início do mandato. A investigação aponta o dedo aos designados para diretores-gerais e para a chefia de institutos públicos.

Também o jornal I falou com a investigadora da Universidade de Aveiro que refere que a influência dos partidos é mais evidente nas áreas da saúde, educação, cultura e na administração local e regional.