Dos 649 sem-abrigo identificados em Lisboa pela Santa Casa da misericórdia, um terço caiu nessa situação há menos de um ano e quase 5 por cento tem um curso superior.
De abril a dezembro, 17 técnicos do programa da Santa Casa da Misericórdia "Programa Intergerações | InterSituações de Exclusão e Vulnerabilidade Social" contactaram com 649 sem-abrigo, dos quais 454 responderam a um inquérito.
A partir destes 454 inquéritos, a equipa da Misericórdia traçou o perfil da pessoa sem-abrigo em Lisboa.
Quase 90 por cento são homens, metade tem entre 35 e 54 anos. A pessoa mais nova encontrada a viver na rua tem 16 anos e a mais velha tem 85 anos.
Um terço das pessoas encontradas nas ruas está sem abrigo há menos de um ano. São maioritariamente solteiros.
Quase 60 por cento são portugueses mas também há imigrantes - mais de 14 % - a viver na rua. Alguns destes estrangeiros só querem um bilhete de regresso a casa.
Um terço das pessoas sem -abrigo concluiu o ensino secundário, técnico ou superior, sendo que quase 5% - entre portugueses e imigrantes - frequentaram o ensino superior. Um número que surpreendeu os técnicos do programa.
Quanto a fontes de rendimento, mais de 70% dos sem-abrigo não tem qualquer apoio a não ser o da alimentação. Apenas 36% dos sem-abrigo recorre aos centros de acolhimento e quase todos se queixam que os centros de acolhimento não são adequados: ou são demasiado pequenos, ou há desfasamento de horário com as rotinas de higiene.
Quanto a relações familiares, quase 70% das pessoas que vivem nas ruas de Lisboa diz ter contactos frequentes com a família. Em relação à saúde, quase metade dos 454 sem-abrigo tem problemas de saúde mas não tem médico.
Em relação a dependências, quase metade garante não ter problemas de alcoolismo e mais de 60% diz nunca ter consumido qualquer droga.