O ministro do Emprego e da Solidariedade Social reafirmou hoje que o ajustamento salarial no setor privado já ocorreu, manifestando discordância com o FMI que insiste na flexibilização laboral em Portugal.
Em comunicado divulgado na terça-feira, o FMI insistiu que Portugal tem de ir mais longe na flexibilização do mercado de trabalho, pedindo a Lisboa para 'resistir' às pressões para aumentar a despesa pública.
«O Governo considera que o ajustamento salarial, nomeadamente, no setor privado, já ocorreu e portanto nada justifica que se deem mais passos para fazer mais ajustamentos», considerou Mota Soares em conferência de imprensa semanal após a reunião do Conselho de Ministros.
O governante lembrou que uma das matérias que esteve em discussão na última avaliação da 'troika' (composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) foi a possibilidade de baixar o salário mínimo para os mais jovens e «essa matéria teve a objeção total e frontal do Governo».
«Hoje reafirmamos, como já o dissemos no passado, discordamos de uma parte da 'troika', de um elemento da 'troika', neste caso, do FMI», reforçou Mota Soares.
A vice-diretora do FMI, Nemat Shafik, refere num comunicado no qual anunciou a conclusão da aprovação da 10.ª avaliação ao programa de ajustamento de Portugal e o desembolso de uma "tranche" de 910 milhões de euros, que um «aumento do investimento, em especial no setor transacionável, é necessário para gerar mais emprego e gerar os excedentes externos necessários para anular os desequilíbrios».
Na nota enviada às redações, a organização liderada por Christine Lagarde qualificou como «louvável» a forma como o Governo português tem implementado o programa de ajustamento, «apesar dos contratempos legais», numa referência aos chumbos do Tribunal Constitucional de algumas medidas propostas pelo executivo de Lisboa.