Os especialistas ouvidos pela TSF dizem que é normal o Inverno tirar areia das praias, mas este ano o fenómeno agravou-se. A reposição até ao Verão não deve compensar as perdas dos últimos dois meses.
Um Verão com mais pedras e menos areia para estender a toalha. É este o retrato feito por especialistas que dizem ser normal que o Inverno retire areia das praias.
O problema, este ano, é que as tempestades consecutivas retiraram muito mais areia do que é normal e os rios já não trazem, há vários anos, tanta areia como no passado.
À TSF, Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo e professor no ICBAS da Universidade do Porto, explica que a Primavera e o Verão vão trazer, como é habitual, alguma areia de volta às praias.
Contudo, provavelmente não será suficiente para repor aquilo que existia antes do Inverno. Uma perda sentida sobretudo na costa Ocidental do Continente e muito menos no Algarve.
Aliás, os especialistas já diziam há muito tempo que as praias portuguesas tinham um problema crónico: uma progressiva falta de areia motivada pelas barragens e pelas retiradas de areias dos rios.
É essa, por exemplo, a explicação de Carla Graça, da associação ambientalista Quercus, que acrescenta: os últimos dois meses, com tempestades intensas, agravaram o problema e «mesmo que alguma areia seja reposta não será o areal a que as pessoas estão habituadas».
Adriano Bordalo e Sá também diz que, este ano, vai ser ainda mais difícil repor a areia perdida. O Verão deverá ter menos areia e os locais mais afetados ficam nas zonas Centro e Norte.
Certas praias, explica o hidrobiólogo, nomeadamente algumas com bandeira azul, podem ficar durante o Verão, em certos períodos, sem zonas para os banhistas colocarem a toalha.
O professor da Universidade do Porto acrescenta que na foz do Douro, por exemplo, há várias zonas que podem ficar recheadas de pedras, pondo em causa, inclusive, a qualificação com bandeira azul
Os dois especialistas ouvidos pela TSF dizem que gastar milhões de euros e trazer camiões carregados de areia pode ser uma solução, mas apenas provisória: a falta de areia nas praias portuguesas é um problema crónico motivado pelo que se passa nos rios e pelo excesso de construção no litoral do país.