A multinacional Enercon queixa-se de falta de condições para operar no cais do Bugio, em Viana do Castelo, situação que obriga ao transporte rodoviário de toneladas de componentes eólicos para o porto comercial, atravessando a cidade.
Esta sexta-feira parte de Viana do Castelo em direção à Alemanha um navio que transforma vento em energia carregado com 360 toneladas de componentes eólicos produzidos nas fábricas portugueses, que obrigaram à realização de 140 operações de transporte rodoviário.
Tudo porque o cais do Bugio, onde a Enercon tem em funcionamento duas fábricas, não tem profundidade suficiente para receber o navio E-Ship 1 nem meios de elevação para proceder aos embarques.
«É o raiar do arcaísmo porque se, por um lado, temos de incentivar as exportações para melhorar a economia, por outro, todo o ambiente que tem de acompanhar este esforço está parado. E isto compromete a nossa competitividade logística», lamenta Francisco Laranjeira, administrador da Enercon Portugal.
A representante portuguesa da multinacional alemã tem vindo, desde há dois anos, a alertar para a necessidade de resolver um problema que está a travar o movimento de exportações, mas sem resultados, o que está a causar nervosismo aos investidores alemães. «Temos procurado informar a empresa na Alemanha de que, com certeza, as coisas se vão resolver só que estão a demorar muito tempo», revela o responsável.
Além dos prejuízos económicos, a situação provoca impactos ambientais e afeta a qualidade de vida de quem mora no Cabedelo, que se queixa dos frequentes constrangimentos de trânsito e do elevado movimento noturno de camiões.
Entretanto, a Câmara de Viana do Castelo anunciou que vai ao leilão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo comprar o guindaste que é preciso.
«Eu só tenho uma coisa a fazer, é envergonhar o Governo», criticou José Maria Costa, revelando que a autarquia vai disponibilizar 50 mil euros para reparar o guindaste e colocá-lo ao serviço de uma empresa exportadora.
A Enercon emprega cerca de 1.400 trabalhadores nas quatro fábricas instaladas em Viana do Castelo e no ano passado exportou cerca de 200 milhões euros, o que representa mais de 70% da produção.
A TSF questionou Vasco Cameira, da administração do Porto de Viana do Castelo, que recusa responsabilidades neste processo e diz que os problemas de que se queixa a Enercon, de falta de condições para operar, repete-se em qualquer outro porto.