O primeiro-ministro dá o exemplo da Grécia e lembra como custou caro a Atenas as sucessivas renegociações da dívida. Passos Coelho já tinha afirmado nontem que assinar o manifesto daria um sinal errado aos mercados.
«Nem pensar. Isso está completamente fora de questão e espanta-me como é que gente tão bem informada suscita essa questão na altura em que estamos a regressar a mercado com níveis de confiança que não tínhamos há vários anos», afirmou Pedro Passos Coelho, convidado de uma conferência organizada pelo Jornal de Negócios em associação com a Renascença.
Para o primeiro-ministro, a reestruturação da dívida defendida no manifesto é um «assunto fora de agenda» e avisou: «se alguém lá fora levasse a sério esta conversa, nós em muito poucas semanas estaríamos a pensar como é que teria sido possível deitar três anos de sacrifícios pela janela fora.
Passos Coelho recordou ainda o caso grego: «estamos a dizer que desejamos que Portugal fique na circunstânica da Grécia para poder ter o mesmo perdão de juros? Acho isso um absurdo».
Já ontem o primeiro-ministro tinha afirmado que se assinasse o manifesto para a reestruturação da dívida estaria a pôr em causa o cumprimento das metas orçamentais e a enviar a «mensagem errada» aos credores internacionais.
Na conferência desta quarta-feira, o secretário de Estado das Finanças da Irlanda, Brian Hayes, considerou que seria «um desastre» para a Irlanda e Portugal voltar a ter um programa e diz que recusar um programa cautelar foi a decisão certa para a Irlanda.
«Uma vez fora do programa não podemos voltar a ter mais um programa. Seria um desastre para a Irlanda, seria um desastre para Portugal, pensar na possibilidade de ter mais um programa. Por isso é tão importante que nos mantenhamos disciplinados», disse o governante.