A proposta do PS sobre coadoção de crianças por casais homossexuais sobe hoje a plenário para votação final global. Nas bancadas do PSD, CDS-PP e PS, já se sabe, não haverá disciplina de voto, e por isso, é dificil antecipar o desfecho da votaçao .
É uma votação de alto risco com desfecho imprevisível, apesar da direção do grupo parlamentar do PSD ter feito as contas aos 108 deputados laranja e assumir que está «relativamente confiante» de que o projeto do PS desta vez seja chumbado.
A contagem internamente foi feita voto a voto, deputado a deputado, com listas de votos certos, indecisos e incertos. Cálculos sobre o que se espera que cada um faça e, ao que a TSF apurou, com pressões ou, pelo menos, «conversas de sensibilização» com alguns deputados sobre as consequências políticas e implicações na sequência do resultado da votação.
A direção da bancada laranja não arriscou impôr, desta vez, a disciplina de voto, como tinha feito para a questão do referendo, mas Luís Montenegro recordou aos deputados que, apesar de esta ser uma matéria de consciência, estes devem também votar em função do que o eleitorado PSD espera deles.
Em maio do ano passado houve 16 deputados do PSD que votaram a favor da coadoção, três abstiveram-se. No CDS, também três deputados optaram pela abstenção. Uma dispersão de votos à direita que fez com que o diploma socialista fosse aprovado na generalidade.
Desta vez, a direita não quer correr riscos. O CDS foi o mais rápido a tentar evitar danos. Não teve coragem para impôr uma disciplina de voto, mas o líder parlamentar Nuno Magalhães impôs uma «orientação firme» aos deputados centristas para votarem contra o diploma.
Nas últimas horas têm sido reforçado os apelos para que ninguém falte, porque a margem é mínima. Na última votação, há quase um ano, o diploma passou por uma curta margem de cinco votos. Com a esquerda em bloco a votar a favor e apenas três abstenções do PS.
Na votação de hoje, nas bancadas mais à esquerda, são certos os votos a favor do PCP, Bloco de Esquerda e Verdes.
No PS, pode haver outra vez algumas abstenções, mas há libedade de voto. Ninguém arrisca certezas sobre os resultados. Certo é que foram dadas instruções em todas as bancadas para que ninguém falte à votação desta sexta-feira, porque, desta vez, um único voto pode mesmo fazer a diferença.
Em caso de empate, a votação tem de ser repetida na mesma sessão plenária e caso volte a ser a mesma, o diploma chumba.