Militares no ativo e na reforma manifestam-se hoje em Lisboa, num desfile que termina junto à Assembleia da República e que visa alertar para a realidade dos militares na sequência dos cortes nos rendimentos.
Os militares partem do Largo Camões, pelas 15:00, e seguem até à Assembleia da República, exibindo faixas pretas.
Em declarações à TSF, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), que apoia a manifestação, espera uma grande adesão mas sublinha que há muitos militares que gostariam de estar presentes no protesto e não o podem fazer devido a despesas de deslocação.
«Se o estado de espírito que prevalece entre os militares e as suas famílias corresponder aos números que esperamos, evidentemente que vamos ter uma imensidão de militares. Temos conhecimento concreto de alguns camaradas que gostariam de estar presentes e só não o podem fazer porque a sua deslocação e os gastos que isso acarretaria os impedem», afirma Pereira Cracel.
O presidente da AOFA salienta ainda que os militares pretendem que esta seja uma «iniciativa serena».
Também Luís Reis, da Associação de Praças, uma das três estruturas que convoca a manifestação, disse à TSF que espera uma grande mobilização para dar corpo ao descontentamento.
O presidente da Associação de Praças diz ainda que, apesar do veto de Cavaco Silva ao aumento das contribuições dos subsistemas de saúde dos militares, a verdade é que o diálogo com o Presidente da República tem sido quase inexistente.
Luís Reis diz mesmo que, com mais sacrifícios, poderá estar em causa a operacionalidade dos militares.
O desfile deste sábado visa relembrar à opinião pública a «dramática realidade em que muitos militares e respetivas famílias se encontram por não conseguirem honrar compromissos, assumidos numa altura em que não era previsível que o Estado, através dos Governos, deixasse de cumprir o que, livremente, garantira em letra de lei», refere um comunicado conjunto da AOFA, Associação Nacional de Sargentos e Associação de Praças.
Os cortes nas pensões de reforma e nas remunerações, a alteração às regras do suplemento de residência, que «concorre para o aprisionamento dos militares nos quartéis», a «degradação» das condições de assistência na doença, o corte de pensões de sobrevivência de viúvas, as «consequências da redução de efetivos» são algumas das razões apresentadas pelas associações sócio-profissionais de militares.