Educação

Durão Barroso elogia «cultura de excelência» nas escolas antes do 25 de Abril

Durão Barroso Global Imagens

O presidente da Comissão Europeia contrapôs hoje a «cultura de excelência» promovida nas escolas antes do 25 de Abril com a situação atual, recusando a ideia do Estado controlar o que os professores fazem nas salas de aulas.

«No Portugal não democrático, no Portugal pré-União Europeia e pré-Comunidade Europeia havia ensino de excelência apesar do regime político em que se vivia e isso era possível porque numa escola era desejável reforçar a própria cultura de excelência da escola. Não estou seguro que aconteça hoje o mesmo em muitas escolas portuguesas e europeias», afirmou Durão Barroso na cerimónia de entrega do donativo do prémio europeu Carlos V à CAIS e à Escola Secundária de Camões, em Lisboa.

Durão Barroso recuou ao tempo em que ele próprio estudava no então chamado "Liceu Camões", onde beneficiou de «uma educação de exigência» numa «boa escola».

«Estamos a falar de antes do 25 de Abril, de uma sociedade portuguesa que não conhecia ainda a liberdade, estamos a falar de uma escola pública (...) num período em que ainda não havia democracia e, no entanto, estou a dizer que foi uma boa escola», frisou.

Pois, continuou, embora algumas liberdades estivessem «cortadas» e se vivesse num regime ditatorial, «havia na escola uma cultura de mérito, de dedicação, de trabalho».

«Penso que foi uma pena na evolução posterior não ter sido sempre possível conciliar a indispensável democratização do ensino com o mesmo nível de exigência», acrescentou, considerando que apesar do nível de educação mais elevado que existe hoje em dia e das «possibilidades imensas» que são oferecidas aos jovens perdeu-se alguma coisa em termos de «exigência, do rigor, da disciplina, do trabalho».

Referindo-se não só a Portugal como a toda a Europa, o presidente da Comissão Europeia defendeu, ainda, que a melhor forma de conseguir bons resultados em matéria de educação é investir-se nas escolas e nos professores.

«É aí que está a chave, não é tanto como às vezes se sugere com alguns grandes programas, com alguns grandes modelos, com mais e mais controlos, é dar tempo à escolas e aos professores. Porque os professores querem naturalmente ensinar, essa é a sua vida, a sua aspiração», disse.

Desta forma, sublinhou, «o Estado deve dar uma ajuda complementar, mas não pode ter a pretensão de controlar aquilo que faz cada professor na sua sala de aulas».

Redação