No tempo da ditadura, os jornais regionais passavam primeiro pelo lápis vermelho da Delegação Regional de Censura e só depois pelo lápis azul em Lisboa. Esta é uma das marcas que podem ser vista numa exposição na Biblioteca Municipal de Faro.
Uma exposição que abre portas esta quarta-feira na Biblioteca Municipal de Faro mostra como os jornais regionais se tinham de submeter duas vezes à censura.
Tiago Barão, arquivista da Câmara Municipal de Faro, explicou que as publicações passavam primeiro pela Delegação Regional de Censura, onde a cor do lápis era vermelha e não azul.
A censura local geralmente não atuava sobre os livros, mas apenas sobre os artigos dos jornais ou os panfletos dos poetas e cantores populares com a utilização de um lápis vermelho.
Depois, acrescenta Tiago Barão, um dos responsáveis por esta mostra, que surge no Dia Mundial do Livro e no dia em que a biblioteca cumpre 13 anos de existência, as publicações eram enviadas por comboio para Lisboa.
«Quando o diretor do jornal era informado que o artigo tinha sido cortado total ou parcialmente muitas das vezes já estava em cima da hora do jornal ser impresso», adiantou.