Economia

António Mexia: Troika não é dona da verdade

Depois do FMI ter voltado a insistir no problema das rendas excessivas, o presidente da EDP diz que não está à espera de novos cortes no sector elétrico e afirma que a troika está enganada. António Mexia considera que seria «discriminatório» um alargamento da taxa extraordinária sobre o setor energético além de 2015 e diz-se disponível para negociar com o governo o alargamento da tarifa social.

«Não é por serem portadores da ajuda que passam a ser portadores da verdade», afirma o presidente da EDP depois de questionado sobre a insistência da troika relativamente às rendas excessivas no sector eléctrico. António Mexia defende que não deve haver pejo em dizer que a troika está enganada e sublinha que hoje a convicção alargada é a de que não há rendas excessivas.

Quanto ao alargamento da contribuição especial sobre o sector até 2015, o presidente da EDP diz que compreende, mas considera que além de 2015 já seria discriminatório. « Aceitamos as coisas que são extraordinárias, agora o extraordinário não se pode tornar recorrente, até porque é discriminatório contra este sector, não afectando outros», afirma António Mexia que acrescenta: «para 2015 aparentemente haverá esta manutenção, mas não prevemos o prolongamento dessa contribuição especial».

Para 2014, a EDP estima que a taxa especial sobre o setor energético tenha um impacto de cerca de 45 milhões de euros na empresa, só no primeiro trimestre a EDP pagou 15 milhões de contribuição.

Em Londres, onde esteve a apresentar os planos da empresa para os próximos 3 anos, no Dia do Investidor (uma iniciativa organizada pela EDP) , Mexia disse ainda não esperar mais cortes para o sector. «Este governo já tomou medidas em várias vagas, medidas claras, robustas, significativas do ponto de vista do montante sobre o sector, neste momento estará a abordar outros sectores que não tinham sido ainda abordados», diz o presidente da EDP.

Sobre o alargamento da tarifa social, António Mexia diz que compreende a medida, que a considera justa e que a EDP está disposta a negociar com o governo, mas reforça a ideia de que a empresa se opõe aos custos impostos aos titulares dos centros eletroprodutores com a tarifa social no cálculo dos CMEC (custos para a manutenção do equilíbrio contratual). «Compreendemos a decisão naquilo que tem a ver com mercado liberalizado e consideramo-la adequada. No que diz respeito àquilo que são contratos que foram fixados, que foram pagos, a nossa visão é diferente», sublinha.

(Rita Costa viajou a convite da EDP)