O PCP insistiu hoje que seria «impensável» a Assembleia da República passar ao lado da «censura popular» mostrada nas urnas e prometeu continuar a lutar pela derrota do Governo de maioria PSD/CDS-PP.
No encerramento do debate da moção de censura ao Governo, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, recuperou grande parte dos argumentos utilizados pelos comunistas ao longo da discussão, lembrando a «maior derrota eleitoral de sempre» da coligação PSD/CDS-PP nas europeias realizadas no domingo.
Considerando que a expressão popular «não pode ser ignorada nem desprezada, como procurou fazer o primeiro-ministro», João Oliveira disse ser «impensável que a Assembleia da República passasse ao lado de tamanha censura, poupando o Governo a uma moção de censura».
«O grupo parlamentar do PCP que propôs esta moção de censura não será obviamente suficiente para a aprovar mas continuará a bater-se por ela», assegurou.
Numa intervenção em que o PS foi poupado às críticas, o líder parlamentar comunista centrou o discurso nos ataques ao Governo, fazendo alusão às violações à Constituição.
«Provavelmente hoje mesmo, daqui por umas horas, voltaremos a ouvir mais uma vez o Tribunal Constitucional pronunciar-se sobre mais um Orçamento do Estado, depois de o Governo ter já repetido o discurso de chantagem com que sucessivamente procura condicionar as decisões judiciais e com que a seguir procurará de novo responsabilizar aquele Tribunal pela política governamental que confronta e viola a Constituição», disse.
O parceiro de coligação do PSD foi também alvo das críticas de João Oliveira, que considerou que manter o executivo liderado por Pedro Passos Coelho em funções é «manter o país em permanente instabilidade, à espera do próximo pretexto com que o CDS justifique uma saída finalmente irrevogável do Governo, preocupado com a matemática eleitoral e a manutenção de um nível de poder que lhe garanta participação em futuras alianças governamentais de geometria variável».
Já no final da intervenção, o líder da bancada do PCP voltou a defender os pressupostos que sustentaram a moção de censura, reiterando a necessidade do país se preparar para uma eventual saída do euro, «seja por decisão do povo português, seja por desenvolvimento da crise da União Europeia».