As eleições primárias no PS vão realizar-se a 28 de setembro. A proposta do secretário-geral socialista tendo em conta a escolha do candidato do PS a primeiro-ministro foi aprovada por «larga maioria» na reunião da Comissão Política Nacional.
Costa e Seguro têm duelo marcado para daqui a quase quatro meses. Ontem à noite, no Rato, a Comissão Política Nacional do PS marcou primárias, abertas a simpatizantes, para 28 de Setembro.
A proposta de Seguro sofreu algumas alterações na reunião. O universo de eleitores foi reduzido a militantes e simpatizantes. Ao contrário do projeto inicial, foi eliminada a possibilidade de inclusão automática nos cadernos eleitorais de membros da Juventude Socialista, de inscritos no Laboratório de Ideias e Propostas, e na iniciativa Novo Rumo.
O ponto mais polémico da proposta da direção socialista, um calendário de quase 4 meses que termina com as primárias a 28 de Setembro, ficou inalterado, e a proposta foi votada por larga maioria.
Costa e os apoiantes dele votaram a favor, mas apresentaram uma declaração de voto afirmando que o arrastar do processo é um «erro grave».
António José Seguro saiu do Rato a dizer que é e vai continuar a ser o líder.
Quanto aos quase quatro meses de impasse, e apesar da fome, o secretário geral disse estar com força.
«Sinto-me muito forte e ficarei ainda mais forte depois do jantar que é aquilo que vou fazer agora», explica.
Antes ainda do jantar, Seguro teve tempo para justificar a data de 28 de Setembro com as férias
«Seria uma fraude se o PS fizesse essa escolha [de eleições primárias] em julho ou agosto, período de férias para uma parte significativa dos portugueses», alegou
De acordo com o Seguro, tanto o debate das primárias, como o ato eleitoral para a escolha do candidato socialista a primeiro-ministro «devem ocorrer num momento que possa propiciar a maior participação e envolvimento dos portugueses».
«Seria uma fraude completa decidir esta abertura política, mas, simultaneamente, fazer uma escolha nas costas dos portugueses, quando uma parte significativa se encontra de férias», frisou.
Quatro meses é muito tempo e António Costa insiste que o problema merecia outro calendário.
O autarca de Lisboa deixou críticas e declarou que «ninguém ganha em adiar a resolução de problemas, sobretudo problemas que requerem uma resolução urgente».
«Os portugueses estão ansiosos à espera do PS. Se fosse antes, seria melhor, mas respeito a data e agora estou concentrado no que é essencial - e o essencial não são as questões de procedimento e as questões estatutárias», alegou.
Entre os apoiantes de Costa, há quem lembre a entrada em cena de Sócrates já perto das legislativas de 2005, e uma maioria absoluta conquistada com um líder fresco.
No final da reunião, o sorriso de Costa era fácil e perante a insistência na questão da data, desvalorizou.
Costa garantiu que continua a correr em duas pistas. Alinha nas primárias, mas não desiste de tentar marcar directas e congresso.
Alberto Martins, líder parlamentar e apoiante de Seguro, desengana o candidato.
«Não é possível haver eleições para secretário-geral a menos que ele se demita. O secretário-geral tem uma legitimidade própria. Não é eleito em congresso», disse.
Uma legitimidade intocada e intocável: «Ninguém duvida nem no PS nem fora do PS que ele é o líder da oposição legítimo, democrático e constitucional».
Costa ou Seguro, o duelo está marcado para 28 de Setembro.
Esta noite, no Porto, António Costa dá o tiro de partida, oficial, na candidatura à liderança do PS, com a apresentação das bases programáticas com que pretende conquistar o partido.