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Presidente da Câmara de Londres diz que Tony Blair «enlouqueceu»

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As opiniões de Tony Blair sobre o Iraque estão a provocar polémica no Reino Unido ao ponto de o presidente da Câmara de Londres ter afirmado que o antigo primeiro-ministro britânico «enlouqueceu».

Tony Blair, atual enviado especial do Quarteto para o Médio Oriente (Nações Unidas, União Europeia, Estados Unidos e Rússia) disse no domingo que a ofensiva dos extremistas islâmicos que decorre nesta altura no Iraque não pode relacionar-se com a intervenção militar norte-americana e britânica de 2003.

As posições demonstradas pelo antigo primeiro-ministro na entrevista à estação de televisão Sky News estão, de acordo com a France Presse, a ser criticadas por vários setores políticos britânicos, incluindo os trabalhistas, que acusam Blair de «seguidismo» em relação às atitudes políticas dos Estados Unidos em 2003.

«Não estive de acordo com Tony na altura e não estou de acordo hoje», afirmou John Prescott, antigo vice-primeiro-ministro do governo trabalhista.

Claire Short, antiga ministra do Desenvolvimento do governo Trabalhista e que se demitiu na sequência da intervenção militar internacional em 2003, disse hoje que Blair estava «totalmente errado» e que continua errado sobre a questão iraquiana.

Também Mark Malloch Brown, antigo secretário dos Estado dos Negócios Estrangeiros do executivo do Partido Trabalhista tomou posição sobre a entrevista de Blair afirmando que o antigo chefe de governo deveria «remeter-se ao silêncio».

As críticas mais fortes são as do autarca de Londres, o conservador Boris Johnson, que escreveu hoje no jornal Daily Telegraph ter «chegado à conclusão de que Tony Blair enlouqueceu».

«Ele fez declarações de tal forma surpreendentes e completamente alheadas da realidade que precisa de certeza de ajuda psiquiátrica», escreveu Boris Johnson.

«A guerra no Iraque é um erro trágico», acrescentou o presidente da Câmara de Londres, que, reconhecendo ter apoiado a intervenção, acusa Tony Blair de «negar os factos» e de querer «reescrever a história».

O presidente da Câmara de Londres disse também que Tony Blair e o antigo presidente norte-americano Georges W. Bush são protagonistas de uma «incrível arrogância», ao defenderem que o afastamento de Saddam Hussein não iria provocar a «instabilidade» que foi responsável pela morte de 100 mil iraquianos e de centenas de soldados dos Estados Unidos e do Reino Unido.

As questões relacionadas pelas condições controversas sobre a entrada do Reino Unido na guerra foram tema de uma comissão de inquérito em que Tony Blair foi convocado a comparecer mas cujas conclusões ainda não se conhecem.

Redação