Deste selo dizem que é um pedacinho de papel vermelho, feio e sujo. A "Mona Lisa" dos selos , assim é conhecido, vai ser leiloado pela Sothebys. É de 1856 e pode atingir um valor entre 10 e 20 milhões de euros. Um valor que não terá correspondencia estética.
Feio. É o que dizem deste quadradinho de papel cor de carmim, desbotado e sujo, com um sarrabisco.
É assim que se apresenta este selo, para quem não percebe nada do assunto. Mas os especialistas veem algo mais.
O selo tem impresso um navio de três mastros e o lema da ex-colónia britânica, a actual Guiana, onde foi impresso: «Nós damos e esperamos retorno». Em cima da frase que praticamente não se lê surge uma assinatura, a do funcionário dos correios locais. É uma assinatura que lhe confere um valor especial. É que este selo foi impresso depois de um carregamento de Londres para a colónia britânica ter sido adiado, forçando o correio local a procurar um lugar que produzisse substituições. E conseguiu.
O jornal Royal Gazette foi pago para produzir, durante uma edição curta, os referidos selos. Para evitar falsificações, um funcionário dos correios teve, no entanto, de assinar cada um deles. Dessa série apenas um sobreviveu, precisamente o que hoje será vendido pela leiloeira Sotheby's
Este selo especial teve diversos proprietários. O último chamava-se John E. Dupont que o comprou em 1986 e desde essa altura que não é exposto ao público.
O coleccionador, herdeiro da fortuna de uma familia proprietária de empresa química, morreu na prisão em 2010, enquanto cumpria pena por assassinar a tiro o campeão olímpico de luta livre David Schultz em 1996. Um facto que também ajudou a valorizar o selo.