Ricardo Salgado vai abdicar, esta sexta-feira, da presidência da comissão executiva do BES. A notícia foi avançada nas edições online do Diário Económico e Expresso.
De acordo com as referidas fontes, o líder histórico do BES vai apresentar a renúncia das suas funções numa reunião do conselho de administração prevista para amanhã.
Esta quinta-feira, terá lugar uma reunião do Conselho Superior da família Espírito Santo, onde será debatido em assembleia geral o nome a propor para suceder a Ricardo Salgado.
Pelo meio ficaram guerras internas que acabaram por ditar o afastamento do presidente da comissão executiva do BES.
Em novembro, num trabalho do Jornal de Negócios, o país ficou a saber de conflitos na cúpula da família Espírito Santo, que domina a holding do grupo.
José Maria Ricciardi, presidente do Banco de Investimento do BES e primo de Ricardo Salgado, toma uma iniciativa para destituir o presidente do banco.
A iniciativa a que muitos chamaram um golpe de Estado falhou, mas mostrou, pela primeira vez, divergências no seio do núcleo duro do BES.
Divergências que se seguem a um ano recheado de notícias negativas para o gigante das do sistema financeiro nacional. Buscas do Ministério Público e o caso do esquecimento de Ricardo Salgado de declarar mais de 8 milhões de euros ao fisco foram duas das mais polémicas.
Depois disso, nada melhorou. Já este ano, uma auditoria pedida pelo Banco de Portugal à holding do grupo detetou «irregularidades» nas contas de 2013 que podem prejudicar a reputação e as ações do banco, incluindo dívida não contabilizada e consolidação por fazer de várias unidades do grupo.
Depois de ter sido obrigado a fazer provisões de 700 milhões de euros, o BES foi forçado pelo Banco de Portugal a avançar para um aumento de capital de milhões de euros. Pelo meio, teve de frazer uma reorganização interna das várias unidades.
Com este aumento de capital, a posição dos Espírito Santo no grupo diluiu-se e a família perdeu o controlo da instituição.
Há cerca de um mês, o próprio Ricardo Salgado admitiu em entrevista ao Negócios que houve negligências graves na gestão da holding de topo do grupo empresarial.
Ricardo Salgado está na liderança do BES desde 1991.