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Japão mantém pedido oficial de desculpas sobre escravas sexuais

The Guardian/DR

O governo japonês anunciou hoje que vai manter o pedido oficial de desculpas feito em 1993 às escravas sexuais utilizadas para satisfazer as necessidades dos soldados nipónicos antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

«A posição do Japão não mudou, ou seja, nós sofremos por aqueles que sofreram o inimaginável», declarou o porta-voz do executivo, Yoshihide Suga.

Em fevereiro, Suga desencadeou uma onda de indignação na China e na Coreia do Sul, quando anunciou que Tóquio ia estudar os testemunhos de coreanas que estiveram na base das desculpas apresentadas em 1993. Ao mesmo tempo, o responsável deu a entender que o governo japonês de Shinzo Abe (conservador) podia voltar atrás e rever a posição oficial sobre "as mulheres de conforto".

No final de maio, Suga explicou que, sem questionar as desculpas apresentadas por ter forçado dezenas de milhares de mulheres asiáticas a trabalhar nos bordéis do exército japonês antes e durante a Segunda Guerra Mundial, uma «equipa secreta de cinco intelectuais» foi encarregada de analisar os factos históricos que motivaram e levaram ao pedido oficial de desculpas.

O responsável japonês, visivelmente preocupado em antecipar possíveis reações negativas de Seul e Pequim, reafirmou que «este exercício» pretendia ser apenas ser uma análise da história e não uma revisão.

Em 1993, o Japão admitiu a sua responsabilidade com a "declaração Kono", do nome do secretário-geral do governo da época, apresentando «as desculpas e os remorsos» do país.

Apesar de a opinião pública japonesa responsabilizar os responsáveis do tempo da guerra, alguns elementos da direita nipónica, incluindo Abe, continua a duvidar dos testemunhos e afirma que os bordéis usavam prostitutas profissionais.

As relações com a Coreia do Sul continuam a ser, até hoje, distantes, nomeadamente devido a este drama histórico, muitas vezes alimentado por declarações ambíguas do lado japonês.

A questão é também sensível para a China, que critica regularmente a atitude de Tóquio relativamente ao passado bélico.

«O recrutamento forçado de mulheres de conforto foi um crime atroz e desumano cometido pelo regime imperalista nipónico contra vítimas de países asiáticos. Esperamos que o lado japonês possa lidar corretamente com as questões deixadas pela história», disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.

A maior parte dos historiadores avalia em 200.000 o número de "mulheres de conforto", composto principalmente por coreanas, mas também por chinesas, indonésias, filipinas e mulheres de Taiwan.