Desporto

Quando Di Stéfano treinou o Sporting

Há 40 anos, no verão de 1974, Di Stéfano chegou a treinar o Sporting. O antigo jogador dos "leões", Carlos Pereira, sente «orgulho e satisfação» por ter sido treinado por "Don Alfredo".

No verão de 1974, Di Stéfano chegou a treinar o Sporting. Tudo aconteceu quase por acaso, com um convite verbal do presidente João Rocha, feito quando os dois se cruzaram durante umas férias em Benidorm.

O Sporting estava a sair de uma temporada cheia. Era campeão nacional, tinha ganho a Taça de Portugal e foi semi-finalista da Taça das Taças, mas estava sem treinador. Di Stéfano tinha ganho o campeonato espanhol com o Valência, mas estava desempregado.

O antigo avançado do Real treinou em Alvalade cerca de dois meses. Fez seis jogos na pré-temporada mas depois dos escândalos que foram as derrotas frente ao Cruzeiro de Belo Horizonte, por seis a zero, e ao Olhanense não resistiu muito mais.

Foi despedido no início de Setembro, sem direito a indemnização porque o contrato com João Rocha não tinha sido passado a papel.

Treinado por Di Stéfano na pré-época de 1974/75, Carlos Pereira, então defesa Sporting, afirma que, apesar do parco convívio com o técnico argentino, é ainda motivo de «grande orgulho e satisfação» ter sido treinado por "Don Alfredo".

Carlos Pereira considera, à distância no tempo, ter sido "prematuro" o despedimento de Di Stéfano.

«Tínhamos feito uma pré-época desastrosa, que culminou numa viagem longa, com passagem por Sevilha e Brasil, com torneios que não correram bem», recordou Carlos Pereira, em declarações à agência Lusa.

Segundo o antigo defesa lateral leonino, treinador atualmente fora do ativo, a derrota com o Olhanense foi fatal: «Nunca tinha acontecido na história do Sporting. Houve manifestações de agravo e o presidente sentiu necessidade de o substituir».

«Penso que foi prematuro, pois não esteve tanto tempo como isso. Era de esperar que uma pessoa tão sábia ficasse mais tempo, mas estas são circunstâncias férteis no futebol. Coisas inerentes aos resultados, infelizmente», sublinhou.

Carlos Pereira, que chegou a ser coordenador técnico nos quadros do Sporting, disse nunca ter perdido de vista o lendário "madridista", pois podia dizer que foi "treinado por uma pessoa daquelas" e "isso é um grande motivo de orgulho".

«Fica-se marcado por ter um treinador com aquele nome. Há pessoas que nos tocam mais pela sua grandeza e forma de estar», disse Carlos Pereira, concluindo: «Segui com alguma ansiedade estes últimos momentos e é lamentável o desaparecimento de uma pessoa desta grandeza».

Redação