PCP, BE e PEV atacaram hoje a solução encontrada para o Banco Espírito Santo, com os comunistas a pedirem garantias de que o processo «não vai estourar novamente nas mãos dos contribuintes».
«Quantos mais exemplos de fraude e especulação e até atuação criminosa são necessários para que reconheçam que a atividade bancária é demasiado importante para estar na mão de privados», começou por questionar o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, na comissão permanente da Assembleia da República, reunida esta tarde para ouvir a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sobre o caso do Banco Espírito Santo (BES).
Numa intervenção bastante crítica para o executivo de maioria PSD/CDS-PP, o líder parlamentar comunista acusou o Governo de prosseguir com uma «política de ruína e fracasso», interrogando as razões que levaram a ministra das Finanças a dizer a 17 de julho na Assembleia da República que não seria necessária a intervenção do Estado no BES.
«Foi enganada? Não sabia? Sabia e veio enganar os portugueses e os deputadoss», questionou.
Sobre a solução encontrada para o BES, João Oliveira deixou várias questões, nomeadamente sobre qual será a participação da Caixa Geral de Depósitos no processo e sobre as responsabilidades que o Governo irá assumir no Novo Banco.
O líder parlamentar do PCP deixou ainda dúvidas em relação ao que poderá recair sobre os contribuintes, instando a ministra das Finanças a «dar garantias de que não será um processo de um banco que vai estourar novamente na mão dos contribuintes».
João Oliveira abordou ainda a situação dos trabalhadores do grupo Espírito Santo, lembrando que só nos setores financeiro e da saúde existem mais de 30 mil empregados.
Pelo BE, o líder parlamentar Luís Filipe Soares insistiu na questão da salvaguarda do dinheiro dos contribuintes, lembrando que normalmente quando tudo falha são os contribuintes que estão no fim da linha.
Referindo-se ao «mundo da finança» como «o mundo da aldrabice», Pedro Filipe Soares interrogou o Governo sobre onde está «a estabilidade financeira» que clama ter construído ao longo dos últimos três anos, acusando o executivo de maioria PSD/CDS-PP de nada ter feito no caso do BES.
«O Governo falhou redondamemte», acusou, fazendo votos para que não esteja a ser colocada «uma bomba relógio no bolso dos portugueses» com todo este processo.
O deputado do partido ecologista Os Verdes José Luís Ferreira criticou o facto do Governo dizer sempre que não há dinheiro para a saúde ou para a educação, mas ter sempre dinheiro para a banca.
«O dinheiro aparece sempre para a banca», disse, deixando igualmente perguntas à ministra das Finanças sobre o que se passou no BES, um banco que há três semanas era «sólido». Quanto à solução, José Luís Ferreira interrogou também Maria Luís Albuquerque sobre que "fatia" será paga pelos contribuintes.