Economia

Problemas no BES tornaram «imperativa e inadiável» intervenção do Banco de Portugal

Banco Espírito Santo Reuters/Hugo Correia

Numa ata do Banco de Portugal, divulgada por uma sociedade de advogados, o regulador explica os fatores que levaram a que o BES ficasse «numa situação de risco sério e grave de incumprimento a curto prazo das suas obrigações».

Os problemas no BES, que se agravaram desde a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, tornaram imperativa e inadiável» a intervenção do Banco de Portugal, lê-se na ata do regulador divulgada por uma sociedade de advogados.

No documento datado de 3 de agosto e que foi divulgado na página na Internet da sociedade de advogados Miguel Reis & Associados, cujas folhas estão todas rubricadas, é feito o relato da situação do banco tal como era conhecida.

Segundo o banco central português, foi o cruzamento de vários factos que puseram o BES «numa situação de risco sério e grave de incumprimento a curto prazo das suas obrigações».

O Banco de Portugal explicou que se tornava «imperativa e inadiável» uma solução que protegesse os depositantes e evitasse o «efeito sistémico» que poderia ser desencadeado pelo incumprimento de um dos maiores bancos portugueses.

Refere-se ainda que os prejuízos de 3,6 mil milhões de euros no primeiro semestre de 2014 incluíam 1,5 mil milhões de euros que o Banco de Portugal atribui a atos praticados «num momento em que a substituição da anterior administração», liderada por Ricardo Salgado, «estava já anunciada».

Ainda de acordo com o supervisor, somou-se também o «grave incumprimento» dos requisitos mínimos de fundos próprios com rácios de capital abaixo dos exigidos e a «impossibilidade» de realizar um aumento de capital nos termos e prazos combinados, tal como banco comunicou ao regulador a 31 de julho.

Ainda de acordo com a ata, adianta ainda que o conselho de governadores do BCE suspendeu o acesso do BES às suas linhas de financiamento, obrigando-o a reembolsar os 10 mil milhões de euros contraídos em crédito junto do Eurosistema.

Contacto pela TSF, esta manhã, o BCE não comenta esta notícia.