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Nomeação de Moedas: governo aplaude, oposição nem por isso

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O ministro dos Negócios Estrangeiro português considerou hoje que a nomeação de Carlos Moedas para comissário da Investigação, Ciência e Inovação "significa uma apreciação muito positiva" do trabalho do interlocutor da 'troika' em Portugal nos últimos anos. Nas reacções à nomeação, os partidos da oposição têm outra opinião.

«Parece-me muito significativo que a um país que não é obviamente uma das potências da União europeia tenha sido atribuída uma pasta tão importante como esta, primeiro pela matéria, hoje essencial para o desenvolvimento económico e das universidades e das instituições de investigação, e por outro lado, porque é transversal, e ainda pela circunstância de ter um financiamento muito apreciável para os próximos cinco anos, de 80 mil milhões de euros». É desta forma que Rui Machete, ministro dos Negócios Estrangeiros reage à nomeação de Carlos Moedas para a pasta da Investigação, Ciência e Inovação na Comissão Europeia.

O ministro acrescenta que «Carlos Moedas é um homem inteligente, trabalhador e sério, e portanto achei muito bem a sua designação para comissário europeu, e isto confirma a escolha feita e confirma o trabalho que Portugal desenvolveu ao longo destes anos, neste capítulo específico que foi o restabelecimento de uma parte fundamental do nosso equilíbrio financeiro e da libertação dos limites que a 'troika' e o memorando de entendimento nos impunham».

Menos aclamatórias são as reacções dos partidos da oposição. Pelo PS, o eurodeputado Carlos Zorrinho afirmou que o PS conseguiu travar que o ex-secretário de Estado Carlos Moedas fosse nomeado para uma pasta social da Comissão Europeia. À TSF Zorrinho disse ainda que os socialistas consideram que Carlos Moedas era mais indicado para uma pasta económica mas que, mesmo assim, terá a colaboração dos do PS enquanto comissário para a ciência e inovação.

Do lado do PCP, João Ferreira, o líder dos comunistas no Parlamento Europeu afirma que Carlos Moedas vai para Comissário da Investigação e Ciência depois de no Governo ter sido um dos rostos responsável pela asfixia destas áreas em Portugal. Em declarações à agência Lusa, o eurodeputado afirma que «além de não ser conhecido a Carlos Moedas qualquer pensamento e trabalho específico anterior nas áreas de investigação e ciência, foi atribuída a Carlos Moedas esta pasta, quando é um dos rostos do Governo que nas últimas décadas mais atacou a ciência e investigação, bem patente na asfixia financeira e material das universidades e laboratórios do Estado».

Ainda do lado da oposição, o Bloco de Esquerda considera que a atribuição do cargo a Carlos Moedas é uma derrota para o Governo português e «uma péssima notícia para o povo europeu, porque facilmente se percebe que Carlos Moedas não tem quaisquer pergaminhos na área da educação e ciência», declarou a deputada e dirigente do BE Mariana Mortágua aos jornalistas, na Assembleia da República.

Mais satisfeito está o PSD. Os sociais democratas destacam o valor do orçamento que Carlos Moedas vai gerir enquanto comissário europeu. Em declarações aos jornalistas, o vice-presidente do PSD José Matos Correia referiu que Carlos Moedas «vai gerir, ao abrigo de um programa comunitário até 2020, verbas na ordem dos 80 mil milhões de euros», que constitui «o maior programa gerido diretamente pela Comissão Europeia em termos do que representa financeiramente».