O Bloco pretendia ouvir Durão Barroso mas a maioria entendeu que, por questões de igualdade de tratamento, deve também ser ouvido o antigo primeiro ministro socialista , António Guterres. Os requerimentos foram aprovados por unanimidade.
O BE voltou a propor esta quinta-feira a audição do antigo primeiro-ministro Durão Barroso na comissão parlamentar de inquérito ao material militar e motivou um «contra-ataque» da maioria PSD/CDS-PP, que pediu para ouvir o ex-chefe de executivo António Guterres.
«Este e todos os outros pedidos de audição sistemáticos provam que esta comissão não tem tido o resultado que alguns partidos queriam. Por princípio, somos contra audições dos primeiros-ministros porque não é tradição, mas, se o BE insiste, com a anuência do PS, então terei de apresentar este requerimento para ouvir o engenheiro António Guterres», disse o democrata-cristão Filipe Lobo d'Ávila, exibindo de imediato o texto do requerimento para entregar à mesa.
BE, PS e PCP condenaram o «sentimentozinho de vendetta», «a retaliação» e até o «tráfico de audições» como um «mau serviço à democracia», revelando-se confortáveis com quaisquer audições, embora com bloquistas e socialistas a absterem-se no caso de Guterres por considerarem a inquirição injustificada.
Ambos os requerimentos foram aprovados, mas os antigos primeiros-ministros gozam da prerrogativa de depor por escrito, sem necessidade de se deslocarem ao Parlamento.
O PS tinha também voltado a propor a constituição de uma delegação para ir a Munique, a fim de aceder a documentação do processo judicial sobre a venda dos submarinos ao Estado português, mas viria a retirá-lo para reformulação, assim como o pedido de prorrogação do prazo dos trabalhos, cujo limite é o dia 20 de setembro, preferindo apresenta-lo em conferência de líderes.
O deputado social-democrata António Prôa acusou o PS de «manobras dilatórias» e lamentou poder vir a discutir-se «pela terceira vez as excursões a Munique», enquanto Lobo d'Ávila afirmou que o "empancamento do processo é socialista".
A maioria "chumbou" as audições pedidas pelo PS a um assessor do ex-ministro da Economia Álvaro Santos Pereira, Manuel Pinheiro, ao ex-deputado europeu do PSD e ex-adjunto de Durão Barroso, Mário David, bem como ao atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, o democrata-cristão Paulo Núncio, que foi advogado da empresa austríaca Steyr, comprada pela norte-americana General Dynamics e fornecedora de viaturas blindadas Pandur II.