Os deputados socialistas que apoiam António Costa estiveram hoje na reunião da bancada do PS para contestarem a proposta de deliberação da direção do seu partido para a redução do número de deputados.
Os deputados presentes na reunião do Grupo Parlamentar do PS disseram que a primeira intervenção pertenceu ao presidente, Alberto Martins, que justificou o agendamento potestativo dos socialistas (para 01 de outubro) dos diplomas para a reforma do sistema político.
Alberto Martins invocou então os poderes próprios das direções parlamentar e do PS em matéria de agendamentos, frisou que a redução do número de deputados é neste momento apenas uma deliberação a ser discutida até 31 de dezembro e que só depois dessa data é que entrarão os projetos de lei das diferentes forças políticas.
Ou seja, de acordo com esta tese, até 31 de dezembro, há apenas uma discussão política na Assembleia da República sobre a reforma do sistema político - matéria que carece do voto de dois terços dos deputados para ser aprovada.
O ex-secretário-geral do PS e atual vice-presidente da Assembleia da República Ferro Rodrigues foi o primeiro a criticar a metodologia assumida pela direção liderada por António José Seguro ao propor a redução de 230 para 181 deputados.
Tal como faria depois o ex-ministro Vieira da Silva, Ferro Rodrigues considerou que a apresentação das propostas de revisão da lei eleitoral para a Assembleia da República constituiu «apenas um mero expediente eleitoral», tendo em vista as primárias do próximo dia 28.
No mesmo sentido, contra a direção do PS, de acordo com deputados presentes na reunião, pronunciaram-se já José Lello e Jorge Lacão.
Uma das intervenções mais violentas, segundo deputados que apoiam António Costa, partiu do ex-ministro Alberto Costa, dizendo que as propostas apresentadas por António José Seguro para a reforma do sistema eleitoral, na terça-feira, «envergonham a história do PS».
O ex-líder da JS Pedro Delgado Alves defendeu que a proposta de redução do número de deputados não consta em nenhum documento oficial do PS, nem nas moções de estratégia do secretário-geral, nem no "Contrato de Confiança", somente tendo sido abordada em intervenções de Seguro por duas vezes: Num discurso a 05 de outubro de 2012, e na Comissão Nacional do PS do Vimeiro em junho passado.