Artes

O fenómeno Beyoncé: de "deusa" a objeto de estudo em Harvard

Carlo Allegri/Reuters

Estrela, ícone, poderosa, rica, influente. A imprensa internacional adjetiva Beyoncé assim. A cantora que move milhões de fãs e de dólares serve de inspiração para tudo. Para um curso em Harvard. E para o nascimento de uma religião.

Quando no início deste ano letivo, os estudantes da Universidade de Harvard regressaram às aulas um novo curso foi-lhes proposto.

Harvard, a melhor escola de negócios segundo o "Financial Times", decidiu estudar Beyoncé Knowles. Não a sua carreira, mas um episódio específico, que "abanou" o mundo editorial.

À meia-noite do dia 12 de dezembro do ano passado, a estrela pop fez um anúncio inesperado no iTunes. Beyoncé escolheu este dia e esta hora para lançar o seu quinto álbum a solo, com o seu nome como título.

A surpresa foi total e o lançamento fugiu a todas as regras convencionais. O disco não teve qualquer publicidade e as rádios não passaram um único single de promoção. Também ao contrário do habitual, o álbum só podia ser comprado na sua versão completa, tinha 14 músicas e 17 vídeos e na primeira só podia ser comprado no iTunes.

A aposta era arriscada, mas o segredo sobreviveu intacto. E Beyoncé voltou a fazer história. Em 3 dias foram vendidas 600 mil cópias do álbum. Antes de cumprir uma semana no mercado, o quinto disco da cantora disco já tocava em mais de um milhão de lares. Chegou a nº 1 da lista Billboard. Beyoncé foi a primeira mulher a consegui-lo.

Para Harvard, o episódio é um caso de estudo. Os alunos da universidade vão analisar a estratégia e para isso vão pôr-se na "pele" de Beyoncé para pensarem se fariam o mesmo. O estudo foi proposto por Antia Elberse. Para esta professora do curso de Marketing Estratégico nas Indústrias Criativas, «o lançamento do álbum "Beyoncé" foi um êxito do ponto de vista artístico, mas será que também o foi do ponto de vista empresarial?», a resposta caberá aos alunos dar.

Beyoncé é um ícone, sinónimo de milhões. Aos 33 anos é a celebridade mais rica do mundo, segundo Forbes. Outros números da revista norte-americana indicam que ela é a segunda da lista das artistas que mais lucraram, a 4° entre as mais noticiadas pela imprensa, a 6° entre as mais influentes nas redes sociais e a 17° mulher mais poderosa do mundo.

O poder traduz-se numa legião de fãs por todo o mundo. Os mais fanáticos são capazes de tudo. Há cerca de um ano foi criada a "Igreja Nacional de Bey". Tem sede em Atlanta, na Geórgia, e conta com pouco mais de 200 "fiéis". Pauline Andrews, autoproclamada "Diva Ministra da Igreja Nacional de Bey", explicou a um site como tudo começou. «Éramos 12 amigas, e todos os domingos estávamos juntas para cantar e dançar as músicas da Beyoncé. Um dia, enquanto a ouvíamos, bebíamos vinho e fumávamos, chegamos à conclusão de que Beyoncé é uma divindade».

O culto é semanal e é preenchido com a leitura de excertos da "Beyblia", a bíblia da religião, inspirada nas letras das músicas de Beyoncé. Pauline acredita que «existem 58 milhões de seguidores do Beyísmo no mundo, mas 99% ainda não descobriu».

No site da "Igreja Nacional de Bey" lê-se que «não somos um culto, somos uma família e acreditamos que Beyoncé Knowles é uma deusa».

Redação