O Presidente da República lembrou que, na I Grande Guerra, Portugal assumiu «compromissos sem que estivessem reunidas as condições necessárias à preparação e ao apoio das forças militares, decisão que se veio a revelar dramática para o país e para milhares de portugueses».
O Presidente da República defendeu hoje que a participação na I Guerra Mundial deixou uma «dura lição» da incapacidade para assumir esse compromisso num período de «profunda crise política e económica» que tinha feito descurar a «capacidade militar».
«O início do conflito ocorreu num período de forte instabilidade em Portugal, com uma profunda crise política e económica que levara a descurar, de forma comprometedora, a capacidade militar do país», afirmou Cavaco Silva.
O Chefe de Estado falava durante uma cerimónia de homenagem aos mortos da Grande Guerra, no âmbito da evocação do Centenário da I Guerra Mundial, junto a um monumento evocativo, na avenida da Liberdade, em Lisboa.
«Ficou a dura lição da incapacidade do país para assumir tão exigente compromisso, de que resultou a impreparação e o abandono dos nossos militares, com trágicas consequências e custos humanos elevados», defendeu.
A realidade que Portugal vivia então «não impediu que se assumissem compromissos sem que estivessem reunidas as condições necessárias à preparação e ao apoio das forças militares, decisão que se veio a revelar dramática para o país e para milhares de portugueses», assinalou.
O Presidente da República afirmou que da participação portuguesa na I Guerra Mundial fica o «exemplo e o legado que deixaram para as gerações futuras» os «soldados caídos que encontraram o fim do sofrimento no descanso final».
«Da história da Guerra fica o exemplo extraordinário da coragem e do amor à pátria do soldado português. Fica o testemunho sublime de uma vontade inquebrantável, de uma capacidade de sofrimento e de um espírito de sacrifício sem limites de um punhado de portugueses que honraram Portugal nos campos de batalha de África e da Flandres», declarou.
Cavaco Silva referiu-se à homenagem que decorre hoje por todo o país aos mortos da I Guerra Mundial, naquilo que sublinhou ser o cumprimento de um «compromisso de honra de manter viva a memória do seu exemplo de dedicação à pátria».
Para o Chefe de Estado, «é vital» aprender «com o passado, nunca deixando de valorizar a paz e a liberdade e nunca subestimando o esforço daqueles que as conquistaram e as mantêm».
O Presidente chegou cerca das 11:20 junto ao monumento na avenida da Liberdade, onde se encontravam já militares em parada de todos os ramos das Forças Armadas.
Cavaco Silva depôs uma coroa de flores junto à estátua, ouviu um toque de homenagem aos mortos em combate e uma prece religiosa e, após ler a sua mensagem, descerrou uma placa alusiva a esta homenagem.