O acasalamento do Microbrachius, nome científico do peixe que viveu há 385 milhões de anos, era feito com uma espécie de dança, em que a penetração ocorria de forma lateral e de "mãos dadas".
A conclusão resulta de um estudo realizado numa universidade australiana que foi publicado na revista Nature.
O grupo internacional de especialistas, envolvidos nesta investigação, acredita que o peixe pré-histórico, Microbrachius dicki, foi o primeiro animal a não se reproduzir (em que os peixes inseminam os seus ovos fora dos organismos) através de fertilização externa e o primeiro a copular.
O peixe, que viveu há 385 milhões anos e media 8 cm, vivia numa zona de em lagos, onde agora se situa a Escócia. John Long, professor na Flinder University, na Austrália, e um dos principais autores do estudo, revelou que a descoberta ocorreu por acaso, enquanto observava alguns fósseis.
Ele percebeu que um dos espécimes do peixe tinha um apêndice em forma de "L", ao contrário de outros fósseis, que tinham uma espécie de abertura. «Esse apêndice era usado para transferir o sémen para a fêmea», explica o pesquisador.
Por causa da sua anatomia, o Microbrachius precisava fazer uma estranha "dança" de acasalamento. «O peixe colocava-se de lado, como se estivesse numa dança, em que as barbatanas serviam para dar apoio enquanto o macho introduzia o seu membro na fêmea», diz Long.
Curiosamente, esta forma de reprodução não durou muito tempo. Os pesquisadores acreditam que o Microbrachius voltou a utilizar a inseminação externa. A cópula só voltaria a ocorrer no mundo animal milhões de anos depois, em algumas espécies de tubarões e raias.
Outra grande surpresa é o Microbrachius ter passado tanto tempo despercebido pelos cientistas. «Este peixe é bastante conhecido e os seus fósseis são comuns. Também não se trata de um animal encontrado num local exótico. É incrível que não tenhamos percebido antes", afirma o biólogo Matt Friedman, da Universidade de Oxford.
Em 2009, outro estudo apontara um outro peixe, o Incisoscutum ritchiei, como o primeiro animal a tentar a reprodução pelo ato sexual, mas a criatura viveu pelo menos 20 milhões de anos depois do Microbrachius.