O bastonário da Ordem dos Economistas entende que mesmo sem troika, as restrições orçamentais a que Portugal está sujeito deixam pouca margem de manobra para a apresentação de programas eleitorais diferenciados.
PS e PSD não têm margem para tomar opções políticas muito diferentes. A opinião é do bastonário da Ordem dos Economistas, que entrevistado na TSF e Dinheiro Vivo argumenta que «vai ser difícil a qualquer das forças em presença fazer muito diferente umas das outras.
Estão muitas condicionadas por várias questões». A primeira, explica Rui Leão Martinho, é o pacto orçamental, que obriga a um défice estrutural abaixo dos 0,5%, e que «não será fácil de alterar em meses».
A segunda, argumenta o economista, é a reestruturação da dívida. Leão Martinho entende que é uma questão de tempo até que se tenha de avançar para a negociação de prazos: «ainda é cedo para se falar em reestruturação, porque estamos há mito pouco tempo a pagar a ajuda que tivemos.
Mas em determinada altura, havendo um cumprimento atempado de Portugal, em que as condições sejam favoráveis, poderá haver um prolongamento de prazo».
Leão Martinho acredita por isso que «na prática, na elaboração do Orçamento», PS e PSD podem pensar em «maneiras diferentes de fazer, mas o resultado não pode ser muito distante, porque estamos muito condicionados».
«Nada fazia prever» crise do BES
Rui Leão Martinho é presidente do conselho de Administração da Tranquilidade, companhia de seguros que até há poucos meses fez parte do universo Espírito Santo. Entretanto a Tranquilidade foi integrada no Novo Banco e vendida aos americanos da Apollo, processo que ainda decorre.
Mas apesar da relação umbilical entre o Espírito Santo Finantial Group e a Tranquilidade, o chairman garante que «nada fazia prever que houvesse, em primeiro lugar, a crise do grupo, e depois, que isso pudesse afetar a companhia». Rui Leão Martinho garante que soube da resolução do BES «como toda a gente». «Não tive nenhuma informação prévia nem privilegiada», afirma.