O escritor angolano falou à TSF sobre os três anos em que viveu na Casa dos Estudantes do Império, fechada há quase 50 anos pela PIDE. Os associados da casa são hoje homenageados em Coimbra.
Pepetela viveu na Casa dos Estudantes do Império durante tres anos, entre 1959 e 1962.
O escritor angolano disse à TSF que adaptação à vida em Lisboa foi difícil sobretudo por dois motivos: «o clima, fiquei logo doente, mas o que me chocou foi o ar triste e resignado das pessoas. Isso marcou-me para sempre».
Pela Casa dos Estudantes do Império passaram nomes incontornáveis das lutas de libertação como Agostinho Neto, Amilcar Cabral e Joaquim Chissano.
O escritor Pepetela diz que foi em Portugal que estes jovens africanos começaram a conhecer as suas origens, «aprendemos bastante sobre a nossa cultura e história. Começamos a ter uma ideia geral do que era o conjunto das colónias portuguesas».
A PIDE acabou por desempenhar um papel decisivo na história da Casa dos Estudantes do Império. Foi por intervenção da polícia política que a casa foi encerrada em 1965, 21 anos depois de ter sido criada para acolher jovens das ex- colónias que não tinham instituições de ensino superior. Pepetela revela que conheciam muito bem «os homens de fato cinzento» que frequentavam os mesmos cafés que os estudantes. Sentavam-se «isolados, perto do local onde nos encontrávamos».
A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa programou várias iniciativas para assinalar os 50 anos do encerramento da Casa. Hoje, em Coimbra, há uma homenagem aos associados. Pepetela será uma das personalidades presentes.