Artes

Capela Sistina recupera "luz natural"

Reuters

Os frescos de Miguel Ângelo ganham uma nova vida. A partir de hoje, a Capela Sistina tem um novo sistema de iluminação semelhante à luz natural, que permite apreciar a obra com outros olhos.

31 de outubro de 1512. Faz amanhã 502 anos que os frescos de Miguel Ângelo foram revelados ao mundo. A Capela Sistina estava iluminada com a luz natural que entrava pelas grandes janelas. Quem assistiu ao momento garante que todos ficaram boquiabertos.

Em 1980, o Vaticano decidiu fechar as janelas da capela para evitar que o raios ultravioletas da luz solar estragassem esta obra de arte. Desde então, os visitantes (cerca de 6 milhões por ano) são obrigados a contemplar a obra de Miguel Ângelo debaixo de uma luz artificial.

A partir de hoje isto vai mudar, conforme noticia o jornal El Mundo. Faz-se uma "nova" luz. A capela tem, a partir de agora, um novo sistema de iluminação que lhe devolve todo o esplendor e permite aos visitantes admirar os frescos com nunca. O sistema de iluminação foi estudado de forma a reproduzir a luz natural que antes entrava pelas janelas, restituindo à obra a riqueza cromática original.

O processo foi levado a cabo por um grupo de especialistas em iluminação das universidades de Roma, Budapeste e Barcelona que trabalharam juntos num projeto europeu de investigação para determinar a melhor maneira de iluminar a Capela Sistina.

O resultado é um sistema revolucionário de 7000 LEDs que transmitem uma irradiação uniforme e ténue que permite ver e apreciar os detalhes dos frescos pintados por Miguel muito melhor a partir do solo.

«O novo sistema de iluminação aumenta todas as maravilhas, incluindo os mais pequenos detalhes da mais importante obra do renascimento italiano» afirma Antonio Paolucci, diretor dos Museus do Vaticano.

«Foi um grande desafio para nós. Mas achamos que conseguimos alcançar o equilíbrio perfeito entre o espectro de luz e os pigmentos das obras de arte para assim criar a melhor experiência de visual possível», disse o coordenador do projeto Mourad Boulouednine.

«Além disso, a nova unidade tem uma energia muito mais eficiente do que o sistema anterior e não prejudica o trabalho artístico. Em suma, os resultados são fantásticos e estamos todos muito orgulhosos».

O Vaticano está está satisfeito com o resultado, porque o novo sistema de iluminação da Capela Sistina vai permitir uma poupança energética de 60%.

Apesar destas melhorias, um problema persiste. O número de visitantes é elevado e o pó acumulado pela passagem de multidões provoca danos nos frescos.

Assim, para além da iluminação há um novo sistema de climatização de última geração criado por uma empresa norte-americana que irá reduzir os níveis de dióxido de carbono, poeira e outras substâncias prejudiciais para a capela, e irá controlar a humidade e a temperatura dentro da capela.

No entanto, o Vaticano, há muito que tem vindo a considerar a possibilidade de limitar o número de pessoas na capela e agora parece mesmo determinado a fazê-lo se os turistas continuarem a crescer.

Antonio Paolucci, confirma: «Se o número de visitantes dos Museus do Vaticano continuar a aumentar vamos limitar as visitas a 20 mil pessoas por dia, com um máximo de 2 mil de cada vez».