A mulher que registou mais de 100 comentários de assédio masculinos num vídeo filmado durante uma caminhada pelas ruas de Manhattan, em Nova Iorque, recebeu várias ameaças pela internet.
A informação é adiantada pela organização que patrocinou a gravação do vídeo. Numa mensagem no Twitter, a ONG "Hollaback" pediu ajuda para que as ameaças sejam denunciadas, segundo o jornal "New York Daily News".
A ONG, que atua em 79 cidades de 26 países e denuncia o assédio não apenas a mulheres, mas também a minorias raciais e sexuais, filmou com uma câmara escondida a atriz Shoshana B. Roberts, a caminhar pelas ruas de Manhattan, em Nova Iorque. Ao longo de 10 horas, ela ouviu os mais diversos comentários feitos por homens.
O vídeo foi feito pela organização Hollaback! em colaboração com a agência Rob Bliss Creative.
Acusado de ter feito uma seleção racista dos piropos que aparecem no vídeo (a esmagadora maioria proveniente de negros), o realizador do filme admite que deixou muitas abordagens feitas por brancos de fora, mas justifica: «Nós apanhámos uma quantidade considerável de brancos, mas ou falavam de passagem ou já fora do enquadramento da câmara ou o som ficou estragado por uma sirene ou algum barulho». O produto final, admite Rob Bliss, «não é uma representação fiel de tudo o que aconteceu».
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A gravação, que acabou por se transformar num anúncio para uma campanha contra o assédio, foi filmada em agosto. A jovem, que vestia umas calças e uma camisola pretas, tinha dois microfones nas mãos, que registaram os comentários de homens de várias idades e estrutura física. A maioria diz uma ou duas frases, mas em dois momentos do vídeo vemos rapazes a persegui-la, chegando mesmo a assustar a voluntária.
Durante 10 horas, ela recebeu mais de 100 comentários.Numa mensagem que acompanha o vídeo, Shoshana comenta a experiência. «Sou assediada quando sorrio e sou assediada quando não sorrio. Sou assediada por homens brancos, negros, latinos. Não passa um dia sem que isso aconteça».
O vídeo publicado no YouTube já teve milhões de visualizações e 66 mil comentários, muitos deles também agressivos.
Emily May, co-fundadora e diretora executiva da ONG, disse que recebeu, pelo menos, 10 chamadas telefónicas com ameaças, e também tem recebido e-mails com ameaças, que ela encaminhou para a polícia.
«Infelizmente, o comportamento que vemos nas ruas também vemos na internet», afirma. «Estamos horrorizados com o que estamos a assistir, mas não ficamos chocados. Faz parte da cultura. É parte de algo que estamos a tentar mudar».