Ao fim de 12 anos de missão, Portugal deixa hoje o Afeganistão. Desde 2002, Portugal participou na missão da Força Internacional de Segurança com mais de três mil militares dos três ramos das forças armadas. A TSF entrevistou um desses militares.
Numa entrevista à TSF, o tenente coronel Paulo Peres, que integrou por três vezes o contingente português no Afeganistão, confessa que em 20 anos de carreira militar, Cabul foi o mais difícil palco de conflito que enfrentou. «Às vezes parecia que estava no Vietname», diz o tenente coronel Peres da esquadra 501 dos Hércules C130 da Força Aérea.
A Força Aérea portuguesa chegou a Cabul em 2004, até aí tinha operado no apoio à força internacional da NATO a partir do Paquistão. O tenente coronel Peres esteve lá nesse primeiro ano e depois em 2008 e 2009.
À TSF contou que logo à chegada sentiu um choque: «o ambiente é inóspito, Cabul está a uma altitude que para nós portugueses é o cume da Serra da Estrela, no verão é muito quente, no inverno é muito frio». Isso e a tensão permanente, admite o tenente coronel Peres, deixou marcas. «Recordo-me de estar na aeronave já com passageiros a bordo, sentir um abanão e quando olho para o lado esquerdo vejo um "cogumelo" enorme de fumo e poeira, depois soubemos que foi um carro armadilhado que explodiu lá numa das entradas», lembra o tenente coronel.
Paulo Peres diz que não se consegue saber conscientemente o que fica, mas conta que uma semana depois de ter regressado a Portugal, se sentiu em palco de guerra quando avistou simples foguetes de festa.