Vida

Confraria quer levar pudim abade de Priscos ao Papa

Pudim Abade de Priscos TSF/Liliana Costa

O objetivo final da iniciativa é dar a conhecer o pudim ao Mundo. A receita vem de finais do século XIX e foi criada pelo padre e gastrónomo Manuel Joaquim Machado Rebelo, que já foi apelidado de Papa dos cozinheiros

A Confraria Gastronómica do Abade, com sede em Braga, quer dar a provar ao Papa Francisco o Pudim Abade de Priscos.

Nas últimas semanas têm decorrido contactos com o Vaticano no sentido de concretizar a iniciativa que, no final, pretende promover este doce português e apresentá-lo a todo o Mundo.

A receita vem de finais do século XIX e foi criada pelo padre e gastrónomo Manuel Joaquim Machado Rebelo, o então abade de Priscos, que já foi apelidado de Papa dos cozinheiros. O objetivo agora é dar a provar ao Papa o afamado pudim. «Gostaríamos muito que fosse uma audiência privada, não sei se será possível, mas pelo menos um contacto público com o Papa na praça principal do Vaticano temos garantido», revela Agostinho Peixoto, juiz presidente da Confraria Gastronómica do Abade.

Por razões de segurança, o pudim que o Papa Francisco vier a provar só poderá ser confecionado pelo cozinheiro do chefe do Vaticano e, nesse sentido, a Confraria Gastronómica do Abade terá que se deslocar a Roma para apresentar a receita e ensinar a confeção.

Se tudo correr como previsto, Agostinho Peixoto espera que até Março do próximo ano se concretize o ato protocolar que irá por o Papa a provar o pudim português.

«Queremos aproveitar a oportunidade para dar a conhecer ao Mundo esta iguaria portuguesa que, como temos vindo a constatar em diversas ações, não é exclusivamente de Braga, encontrando-se já em diversos pontos do país e até na diáspora portuguesa», acrescenta o juiz presidente da Confraria do Abade.

Na receita original constam os ovos, água, açúcar, raspa de limão, canela, Vinho do Porto e um ingrediente pouco habitual na confeção de doçaria, o toucinho. «Muitos teimam em chamar-lhe banha mas, na verdade, o que é utilizado é o toucinho, ou seja, a parte gorda de um bom presunto, curado, salgado mas não fumado, para não transportar sabores desagradáveis», explica José Dias, que é quem prepara há muitos anos os pudins Abade de Priscos servidos no restaurante de que é proprietário no centro da cidade de Braga.

A receita é pública e não tem segredo, o que não quer dizer que qualquer um a consiga executar. «Já o velho Abade de Priscos dizia que a receita qualquer um a pode ter mas não podemos dar a nossa mão, a nossa boca nem a nossa alma. E esta é uma daquelas receitas que tem que se fazer com alma, com carinho, com mão e sabor», acrescenta José Dias.

Todos os anos a Confraria Gastronómica do Abade promove um concurso para premiar os melhores pudins Abade de Priscos e o próximo é já este sábado. Quem quiser mostrar o que vale tem até às 3 da tarde desse dia para o fazer.

Receita do Pudim Abade de Priscos:

18 gemas

Meio litro de água

400 a 500 gr de açúcar

Raspa de um limão

2 paus de canela

1 cálice de Vinho do Porto

50gr de toucinho do presunto

Primeiro faz-se a calda com a água, o açúcar, o limão, a canela e o toucinho, deixando-se cozer até ponto de fio. Enquanto isso batem-se as gemas, adiciona-se o cálice de Vinho do Porto, juntando-se, assim que esteja pronta, a calda anterior. Depois de barrada a forma com caramelo, a mistura vai a cozer em banho-maria em forno quente durante uma hora.