Ciência e Tecnologia

Philae continua a trabalhar, mas pode ter poucas horas de vida

A 40 metros do cometa ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR

A vida do robô - que pousou na quarta-feira no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, a 500 milhões de quilómetros da Terra, pode ser curta.

O pequeno robô Philae continua a trabalhar no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, mas a sua bateria primária só lhe permitirá continuar durante algumas horas: os seus painéis solares estão à sombra a maior parte do tempo, pelo que Philae pode entrar em hibernação.

«Ele tem algumas horas de vida com a sua bateria. Em seguida, as baterias solares deveriam assumir o controlo, mas o robô está à sombra», declarou à AFP Philippe Gaudon, chefe do projeto Rosetta no CNES, em Toulouse

Uma vez esgotada a bateria primária, os instrumentos a bordo de Philae ficariam dependentes das baterias secundárias, alimentadas por painéis solares. Se Philae tivesse pousado na área prevista, os painéis solares receberiam cerca de sete horas de luz por dia, mas estão apenas a receber cerca de uma hora e meia.

As primeiras imagens enviadas pelo robô indicam que uma das pernas pode não estar a tocar o chão, ainda assim, Philae está em contacto com a sonda europeia Rosetta e os seus instrumentos começaram a radiografar o interior do cometa, a estudar o magnetismo, a fazer imagens do solo, e a analisar as moléculas complexas libertadas a partir da superfície.

A análise do gelo, eventual material material orgânico e químicos presentes na composição do comenta podem vir a ser fundamentais na compreensão do surgimento da vida na Terra, uma vez que os cometas são os objetos mais primitivos do sistema solar.

A sonda robô deveria perfurar o solo e retirar amostras para análise, mas, até ao momento, os cientistas da agência espacial europeia (ESA) decidiram não dar esta ordem porque o robô não está fixo ao solo e poderia voltar a ressaltar na superfície. É possível que a ESA decida fazer a perfuração nos momentos finais da vida da bateria primária.

O Philae é o primeiro engenho espacial da História a pousar na superfície de um cometa, o que alguns especialistas comparam, em termos de importância científica e complexidade técnica, à chegada à Lua ou à missão japonesa Hayabusa, que em 2005 inspecionou a superfície de um asteroide.

A sonda Rosetta, que transportou o robô, chegou em agosto perto do cometa, depois de uma viagem de 10 anos através do sistema solar.

A missão do robô Philae é medir o campo magnético do cometa e realizar testes, até 30 centímetros de profundidade, dos materiais da superfície na fase de atividade máxima, enquanto se aproxima do Sol.