O antigo coordenador bloquista, Francisco Louçã, recusou hoje fazer juízos «precipitados» sobre a detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates, defendendo que o sistema judiciário precisa de mais meios para combater a corrupção ou o branqueamento de capitais.
O antigo líder do Bloco de Esquerda foi cauteloso no comentário à detenção de José Sócrates. Francisco Louçã reconhece, no entanto, que este caso, independentemente do desfecho, vai ter implicações em todo o país.
«Fiquei certamente surpreendido mas não tenho nenhum elemento que me permita neste momento formular uma opinião, é certamente um caso muito grave, sobre o seu fundamento não faço a mínima ideia, terá certamente uma grande influência no país, porque há hoje um estado de incerteza de atitude normal nestas circunstâncias», afirmou.
Francisco Louçã diz que a Justiça tem de assumir responsabilidade por este tipo de ações que considera excessivas. Louçã defende que uma pessoa para ser interrogada não devia ser detida, a não ser em circunstâncias muito excecionais.
O antigo líder do Bloco de Esquerda espera ainda que a Justiça tenha os meios suficientes para investigar a criminalidade económica complexa e diz que o ideal seria haver mais meios, para que casos como este fosse investigados sem limitações.
Francisco Louçã falava aos jornalistas à entrada para a IX Convenção Nacional do partido, no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, onde também comentou a disputa pela liderança do partido que considera «muito injustificada» e defendeu que o partido deve centrar-se «na luta contra a dívida», o «problema financeiro» de Portugal.