Economia

OCDE traça o retrato da corrupção

Reuters

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico fez um retrato, pela primeira vez, dos casos de suborno internacional e concluiu que é um crime de países desenvolvidos, está ligado principalmente aos quadros superiores das empresas e que são os funcionários públicos quem mais recebe subornos.

O estudo divulgado esta terça-feira revela que mais de 80 por cento dos subornos são pagos a funcionários de empresas públicas, que correspondem a 27% dos casos. Logo a seguir, surgem os chefes de Estado, que recebem quase 7% dos subornos pagos e em terceiro os ministros dos Governos, com 4,08%.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) analisou 427 casos concluídos entre os 41 países que assinaram a convenção anti-suborno da OCDE, desde 1999 a 2014.

A OCDE conclui que os subornos servem em especial para convencer gestores públicos a atribuir certos contratos às grandes empresas, que corresponde a 57% dos casos, mas a corrupção também existe em questões alfandegárias (12%), ou seja, quem corrompe paga para que alguém feche os olhos quando é preciso passar certo tipo de produtos pelas alfândegas.

A corrupção é um crime dos países mais desenvolvidos e 60% dos casos são luvas pagas por grandes empresas num crime que é autorizado pelos gestores e que chega mesmo a envolver os próprios presidentes dessas grandes empresas.

Os setores que mais alimentam a corrupção são as indústrias extrativas (19%) - minas, pedreiras e águas - depois o setor da construção (15%) e a seguir o dos transportes (15%).

A maioria dos casos de corrupção são conhecido por iniciativa dos próprios (31%), ou seja, são as próprias empresas a comunicar às autoridades a existência de subornos. O crime é muito complexo, explica a OCDE, porque os pagamentos são normalmente feitos através de uma série de transações com offshores, usando múltiplos intermediários.

Descoberto um caso de corrupção, na maior parte das vezes, é resolvido com uma multa, num acordo fora do tribunal. São 69% os casos em que se consegue chegar a acordo, enquanto em 31% dos casos é conseguida efetivamente uma condenação.