Economia

Ricardo Salgado na AR: «nunca fui, nunca pensei ser o 'dono disto tudo'»

Lusa/Miguel A. Lopes

Ricardo Salgado está desde as 9 horas da manhã na comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo, com uma breve pausa para almoço. Na abertura disse que as acusações de enriquecimento, vindas a público nos últimos meses, são «histórias totalmente falsas». «Não contem comigo para atacar ninguém da minha família», disse também Salgado.

19:15 - termina a audição 10 horas depois;

18:53 «Se [José Maria Ricciardi] fez [alguma] denúncia ao Banco de Portugal deve ter tido alguma contrapartida por isso. Não sei qual, não quero fazer suposições, mas acho curioso que isso tenha acontecido»;

18:45 - «Nunca deixei de ter a minha situação fiscal regularizada. Fui dos portugueses que mais pagou impostos desde 1992. Tive sempre os meus impostos em ordem», disse;

18:05 - «Fomos ultrapassados pela fatalidade que aconteceu na ESI»;

17:55 - «Foi uma tristeza o que aconteceu à PT», diz Salgado, que não conseguiu prever esse «risco sistémico» (Salgado lembrou que na PT havia dois administradores do BES);

17:40 - A sessão recomeça; Ricardo Salgado diz que desconhece o que Pedro Queirós Pereira terá divulgado junto do Banco de Portugal;«Desconheço a documentação que foi entregue no Banco de Portugal»;

17:17 - Pausa, depois dos deputados terem feito mais uma ronda de perguntas; Ricardo Salgado responde a seguir;

17:12 - A pergunta de Mariana Mortágua era porque razão decidiu o Conselho Superior do BES receber as comissões do negócio dos submarinos. Salgado insistiu que foi um «caso único», uma decisão «pontual», que nunca mais se repetiu;

17:01 - Salgado (em resposta a Mariana Mortágua, que o considerou «a vítima disto tudo»): «A classificação 'dono disto tudo' [DDT] é irrisória, nunca fui, nunca pensei ser o 'dono disto tudo', uma caracterização que me foi colocada para certamente me prejudicar. O dono disto tudo é o povo português»;

16:50 - «Enquanto esteve em Washington, o dr. Durão Barroso tinha numa relação de aconselhamento connosco. Não era um montante significativo. Era nosso consultor»; (...) «Depois de dizermos ao Governo que estávamos preocupados com a evolução do grupo, achámos oportuno dizer ao dr. Durão Barroso para que não fosse apanhado de surpresa, caso acontecesse alguma coisa. Não foi para pedir nenhum favor»;

16:35 - Miguel Tiago (PCP): «Já se sabia que o Banco de Portugal tinha sido enganado pelo BES; agora ficou a saber-se [pelas palavras de Ricardo Salgado] que o BES foi enganado pelo Banco de Portugal...»;

16:09 - «Em relação aos submarinos e às citações que fizeram das gravações das reuniões do conselho superior do grupo, nem sequer sabia que estavam a ser gravadas». Ricardo Salgado insiste que no negócio dos submarinos «não foram pagas comissões a ninguém da área política. Houve investigação do Ministério público». O Ministério Público tem uma acta do conselho superior e o montante recebido foi superior aos cinco milhões de euros referidos»;

16:01 - Não deveríamos ter feito o aumento de capital», diz Salgado, mas «o Banco de Portugal impôs, tivemos de cumprir»;

15:50 - «Estou de consciência tranquila», disse Salgado, que antes já tinha afirmado: «nunca fui uma pessoa presunçosa, que pretendesse assumir posições de destaque por qualquer razão. Infelizmente fui classificado com algumas classificações ridículas». Mais à frente afirmou: «estou de consciência de tranquila. Não tenho nada que me arrependa», mas «tenho uma carga pesadíssima em cima de mim pelo BES e o GES terem soçobrado»;

15:37 - Abreu Amorim: «O BES faliu por gestão danosa, o BES faliu por culpa própria». O deputado criticou ainda Salgado por, durante esta sessão, ter sugerido alguns livros aos deputados, devolvendo a a sugestão com "Confissões", de Santo Agostinho.

15:30 - Recomeça a sessão, com as perguntas de Carlos Abreu Amorim; os deputados têm direito a mais duas rondas de perguntas;

14:38 - Só agora termina a primeira ronda de perguntas dos deputados a Ricardo Salgado; a sessão recomeça às 15:15;

14:33 - Pela terceira vez, José Guilherme 'volta' à sessão. Desta vez Salgado limitou-se a dizer que não pode desenvolver o tema, porque «está integrado no processo Monte Branco. Sou amigo de longa data do sr. José Guilherme, desde o início dos anos 70. É um excelente empresário do setor da construção. Era mais credor do BES do que devedor».

14:29 - Mariana Mortágua questiona Ricardo Salgado sobre benefícios recebidos no negócio dos submarinos. «Foi um dos erros de julgamento do GES, ter entrado nessa operação». Os benefícios obtidos pela ESCOM foram distribuídos e aprovados pelo Conselho Superior, disse Salgado. Os únicos pormenores que avançou foram estes: «tanto quanto é possível saber, não foram pagas comissões a nível político».

14:12 - «O primeiro-ministro recusou qualquer apoio ao Grupo, ao contrário do que o Grupo fez com muitas empresas portuguesas» (e ao contrário do que governos de outros países fizeram, dando como exemplo a França e o apoio à Peugeot). Maria Mortágua insiste no contacto que o GES fez junto de Durão Barroso e Carlos Moedas; «Não houve intenção de obter benefícios estranhos», garante Salgado.

13:50 - Maria Mortágua quer saber como é que Ricardo Salgado explica o agravamento do passivo da ESI de 2,2 mil milhões para 6,3 mil milhões, mas o antigo banqueiro disse não ter dados para responder;

13:45 - Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, é a última a iniciar as perguntas nesta primeira ronda, quase cinco horas depois da audição ter começado;

13:43 «Em julho saíram 6400 milhões de euros de depósitos do BES. Quando um banco começa a perder depósitos a esta velocidade, a situação é muito preocupante», diz Salgado;

13:41 - «Essa carta do Banco de Portugal é uma forma de se desresponsabilizar. Só com um milagre seria possível fazer um aumento de capital em 48 horas (...) Estava tudo mais ou menos orientado para o mesmo», diz Salgado, em resposta a Miguel Tiago, admitindo que, pelo que acabou de dizer, vai receber um «raspanete» dos seus juristas»;

13:30 - Ricardo Salgado volta ao alegado braço de ferro com Carlos Costa: «o senhor governador solicitou-me que fosse eu a liderar a transição na governação do banco» (...) «nunca pus qualquer obstáculo à mudança de 'governance' do banco»;

13:21 - Salgado: «Não havia consciência que o Grupo estava muito endividado, o que só se veio a esclarecer no final de novembro»;

13:02 - Ricardo Salgado responde a perguntas de Miguel Tiago (PCP), que quer saber mais sobre provisões e imparidades de crédito: «Nunca vi esquemas ponzi criarem 30 mil postos de trabalho (...) A dimensão do grupo ajudou a criar emprego em Portugal e empresas que continuam a evoluir positivamente», no que é uma insistência do antigo banqueiro sobre o papel do GES.

12:40 - Ricardo Salgado volta à questão da prenda de José Guilherme, para acrescentar pouco mais do que já tinha dito nesta sessão: «o Banco de Portugal levantou questões pontuais sobre a minha idoneidade há mais de um ano por razões que estão em segredo de justiça;

12:38 -Pergunta Cecília Meireles: quando é que Carlos Costa lhe pediu para sair do BES? «O senhor Governador nunca me disse taxativamente que devia sair do BES, o que me disse é que a família devia sair do BES»;

12:25 - Em resposta a Cecília Meireles (CDS), sobre a ocultação de passivos: «O dr. Machado da Cruz diz umas vezes uma coisa e outra vez outras»;

12:20 - «O BES não faliu [por comparação com o Lehman]; o BES foi forçado a desaparecer», diz Salgado;

12:14 - Em resposta a Pedro Nuno Santos (PS): «ouvi surpreendido as intervenções do governador do Banco de Portugal [a dizer] que tinha tido um braço de ferro comigo. Bastaria fazer um sinal que eu pediria a demissão do banco»;

11:54 - Salgado insiste no argumento: «era preciso tempo e foi isso que pedimos [para alienar ativos] ao Banco de Portugal a 3 de dezembro, mas não tivemos tempo»;

11:52 - Seguiram-se as perguntas do deputado Pedro Nuno Santos, centradas sobretudo no BES Angola. Ricardo Salgado:«não tínhamos dúvidas nenhumas sobre esse crédito. Desde que a garantia de Angola existisse, esse crédito seria reembolsado. Mas a garantia deixou de existir por causa da separação do banco bom e do banco mau»;

11:33 - «A indicação da pessoa que foi indicada para presidir ao BES Angola foi um erro»; «Sempre fui um profissional consciente (...) não houve desvios de capitais para administradores e diretores para fora do Banco através das operações (...). Totalmente falso» o que veio a público;

11:30 - «Não contem comigo para atacar ninguém da minha família»;

11:27 - Abreu Amorim, a terminar, abordou a prenda de 14 milhões de euros que recebeu de José Guilherme, mas Ricardo Salgado recusa, argumentando que «está em segredo de justiça»;

11:21 - Colocar a garantia do presidente de Angola, no BES Angola, no 'banco mau' («a garantia, com a forma de resolução e a divisão do banco bom e do banco mau, significou considerar a garantia de Angola como um produto tóxico») «é no mínimo um enorme ofensa diplomática», disse Ricardo Salgado.

11:12 - Ainda Carlos Abreu Amorim: «quer convencer (...) que sabia da situação no BES Angola pelos jornais?». Ricardo Salgado: «Tínhamos administradores em Angola que não nos informaram (...). Em Angola quem violar o segredo bancário pode ser preso».

10:54 - Carlos Abreu Amorim perguntou a Ricardo Salgado se este «violou determinações do Banco de Portugal?», tendo o antigo banqueiro respondido que «O BdP monitorizou sempre tudo. Não consideramos ter violado as determinações do BdP. Até a minha permanência tivemos sempre os rácios adequados»;

10:48 - nos últimos minutos falou-se do papel do antigo contabilista Machado da Cruz nas contas do Grupo (Salgado: «Machado da Cruz assumiu totalmente a responsabilidade dos seus atos»); Carlos Abreu Amorim perguntou a Ricardo Salgado se sabe onde está e se teve contacto com Machado da Cruz, mas o antigo banqueiro diz: «não o vejo há largos meses»;

10:39 - RS: «Nunca dei instruções a ninguém para ocultar passivos do Grupo»;

10:34 - Carlos Abreu Amorim (PSD) considera uma «desonestidade intelectual» as comparações que Ricardo Salgado fez com a presença da troika em Portugal («Foram dados ao BES sete meses para reembolsar a dívida, quando Portugal tem 31 anos para pagar à troika. Seria despropositado comparar o BES ao país. Mas é um critério para perceber o carácter extremo das imposições feitas ao BES», disse Salgado);

10:32 - «Perdoarão que continue a pensar que servi com idoneidade»; Um nome pode ser apagado da fachada de um banco, mas não pode ser apagada a história de uma família com mais de 140 anos de história;

10:28 - «Tentei sempre preservar a unidade do Grupo»;

10:23 - «Ninguém do BES, do GES ou da família Espírito Santo obteve quaisquer benefícios» com o esquema de emissão e colocação de obrigações, envolvendo a gestora suíça Eurofin, ao contrário do que foi revelado pela comunicação social;

10:13 - Ricardo Salgado está a falar há uma hora (a intervenção inicial deveria ter cerca de 20 minutos);

10:10 - Salgado diz que a recusa de Morais Pires para presidente do BES e o anúncio de uma auditoria forense criou desconfiança nos investidores internacionais que tinham ido ao aumento de cpaital.

10:00 - Avisa pela «3ª vez» para o «risco sistémico» de «rutura desordenada na administração», ainda antes do aumento de capital;

9:51 - Ricardo Salgado diz que no dia 13 de dezembro do ano passado o Banco de Portugal exigiu o reembolso integral do papel comercial da ESI, mas que o GES responde que esta exigência era «inexequível»;

9:43 - Salgado promete apresentar «a minha versão dos factos (...) inteiramente objetiva». A partir de 2007/08 reconhece problemas de «funcionamento».

9:35 - «O Banco de Portugal tinha, desde 2009, uma equipa residente no BES».

9:23 - Ricardo Salgado está há vários minutos a fazer um histórico da situação económica e financeira dos últimos anos em Portugal e nos principais mercados e um retrato do BES até à recente crise (justificando porque não aderiu à recapitalização com origem na troika); Portugal não teve o apoio que foi dado aos bancos da Irlanda e de Espanha;

9:18 - «Nos últimos meses fomos julgados na opinião pública. (...) tudo histórias totalmente falsas».

9:13 - Ricardo Salgado, na intervenção inicial, diz que luta para defender a sua reputação (citando um provérbio chinês: «O leopardo quando morre deixa a sua pele, um homem quando morre deixa a sua reputação») e a da sua família («Remeti-me ao silêncio. Estava a trabalhar para defender a minha honra e a da minha família») e que está disponível para voltar à Comissão Parlamentar.

9:12 - Fernando Negrão, presidente da Comissão, dá início aos trabalhos;

9:05 - A audição, marcada para as 9 da manhã, está (pelo menos ligeiramente) atrasada, mas Ricardo Salgado chegou antes das 9 horas ao Parlamento.