Economia

Rendeiro diz que decisão do Tribunal Europeu prova que intervenção no BPP foi uma «farsa»

Dinheiro Vivo

O ex-presidente do BPP, João Rendeiro, considerou que a decisão judicial sobre a ilegalidade da ajuda estatal ao banco em 2008 prova que a deliberação do governo de Sócrates e do supervisor de intervirem no banco foi uma farsa.

«A decisão vem confirmar que o trabalho do governo de José Sócrates e do Banco de Portugal foi uma verdadeira farsa», acusou Rendeiro, em declarações prestadas aos jornalistas à margem do lançamento do seu novo livro "Arma Crítica".

O Tribunal de Justiça da União Europeia confirmou hoje a decisão da Comissão Europeia de ordenar a recuperação da ajuda estatal prestada ao Banco Privado Português (BPP), indeferindo o recurso apresentado pelo banco e massa insolvente.

«A boa notícia é que o dinheiro existe na massa insolvente. Já existe para pagar ao Estado. Mas os tribunais poderão decidir que o Estado passa de investidor privilegiado a investidor subordinado», destacou Rendeiro, considerando que isso significa que o dinheiro já poderá não chegar aos cofres estatais na sua totalidade.

Em causa está uma decisão de 20 de julho de 2010 do executivo comunitário, que considerou que a garantia do Estado português sobre um empréstimo de 450 milhões de euros concedida em 2008 BPP foi um auxílio estatal «ilegal e incompatível», ordenando por isso às autoridades nacionais a recuperação do auxílio.

Sobre os problemas que levaram ao colapso do BPP em 2008, João Rendeiro voltou a dizer que a culpa foi da grave crise financeira e do modo como as autoridades políticas na altura se recusaram a aceitar a realidade.

«Sócrates tinha uma narrativa de sucesso contrariada pela realidade», acusou.

Pela positiva, Rendeiro realçou que «mais de 80% dos clientes do BPP já receberam a totalidade do seu dinheiro».