Ambiente

Quercus considera que a Cimeira do Clima deu «um passo vital» no combate ao aquecimento global

cop20.pe

O ambientalista Francisco Ferreira, que participou como observador da Quercus na Cimeira do Clima, que terminou hoje no Peru, considera que o encontro deu um passo «fundamental e vital» no combate ao aquecimento global.

Após duas semanas de negociações, os 190 países participantes na Cimeira do Clima, que decorreu em Lima, decidiram que todos terão de aprovar medidas para combater o aquecimento global, mas deixou muitas frentes de debate em aberto.

Contactado pela agência Lusa, o ambientalista sublinhou que esta cimeira «foi muito importante porque faz parte de um conjunto de reuniões para se assinar um acordo em Paris em dezembro de 2015, onde se espera que todos os países participem».

«O que se passou em Lima é um passo absolutamente fundamental e vital para sabermos se vamos ficar muito aquém, ou se a soma das contribuições de todos os países será suficiente para a luta contra as alterações climáticas», dentro de cinco anos.

De acordo com o documento final da cimeira aprovado hoje, intitulado "A chamada à ação de Lima", todos os países terão de apresentar à Organização das Nações Unidas (ONU), antes de 01 de outubro de 2015, compromissos «quantificáveis», «ambiciosos» e «justos» de redução de gases de efeito de estufa.

Também ficou decidido que terão de apresentar informação detalhada das ações para conseguir que essa diminuição se cumpra efetivamente.

Francisco Ferreira, do grupo de energia e alterações climáticas da Quercus, que participou na cimeira desde 05 de dezembro, sublinhou a relevância deste passo no quadro do último relatório mundial sobre a matéria.

Recordou que os cientistas fizeram sair um relatório há poucos meses, indicando que o planeta «está numa trajetória dramática em termos de aquecimento global».

«Temos de passar a usar muito menos os combustíveis fósseis e investir muito mais nas energias renováveis e comprometermo-nos à escala global em cumprir metas muito rapidamente», alertou.

A partir de agora, indicou, cada um dos países participantes vai dizer até março de 2015 de que forma se pode comprometer a reduzir a emissão de gases que provoquem efeito de estufa.

Em novembro, os especialistas vão fazer uma avaliação global das intenções de cada país e avaliar se é suficiente para «evitar a subida do aquecimento global mais do que 1,5 ou 2 graus em relação à era pré-industrial».

Essa avaliação irá anteceder um novo encontro em Paris, em dezembro, onde os países terão de assinar um novo compromisso para entrar em vigor em 2020, que Francisco Ferreira afirma não ser ainda certo que será vinculativo.

«Em Lima os países concordaram em informar sobre as suas intenções de esforço de limitação de emissão de gases com efeito estufa», apontou, acrescentando que se tratou de um «primeiro passo de acertar qual a informação que cada um tem de dar para depois avaliar a extensão do que pode ser feito».

Sobre Portugal, o ambientalista disse que a Quercus «ficou satisfeita» por saber que em 2015 o país vai fazer a sua contribuição financeira para o Fundo Climático Verde, mas «falta saber quanto e quando».

«Esse fundo apoia os países mais necessitados para reduzir a emissão de gases e lidar com as catástrofes naturais, e nós somos dos poucos países desenvolvidos que ainda não tinha manifestado a disponibilidade de contribuir», indicou.

Francisco Ferreira disse ainda que Portugal «ainda não tem o Plano Nacional para as Alterações Climáticas para 2030 discutido e aprovado» e apelou ao Governo para que o «faça o mais rápido possível».

No sábado à noite as negociações chegaram a estar paralisadas em Lima, e foram feitos apelos por parte de alguns participantes, nomeadamente dos Estados Unidos, no sentido da obtenção de um acordo global em defesa da Terra.