Miguel Poiares Maduro, em entrevista à TSF, defende com unhas e dentes o novo modelo de governo da RTP, e garante que o executivo deixou de ter qualquer poder de influência sobre a televisão pública, sendo a opinião de um ministro tão influente quanto a de um líder de um partido da oposição.
O Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, que detém a tutela da televisão pública, afirma que as declarações do ministro Marques Guedes, sobre o contrato para a transmissão dos jogos da Liga dos Campeões, não podem ser vistas como uma retirada de confiança à administração da RTP, nem como uma desautorização do Conselho Geral Independente (CGI).
Na opinião de Poiares Maduro, com o novo modelo o governo passa a poder emitir opinião sobre o serviço público de rádio e televisão, como qualquer outro agente político, sem que isso possa ser entendido como uma forma de pressão.
Quanto à substituição do Conselho de Administração da RTP, Poiares Maduro não arrisca uma data, limitando-se a dizer que essa é uma matéria que deve ser tratada pelo CGI, de acordo com os estatutos.
O ministro dá como adquirido o fim do prazo do órgão presidido por Alberto da Ponte, diz que essa é uma consequência directa da tomada de posição do CGI, e garante que não antevê qualquer «braço-de-ferro» com a actual administração da RTP.
«Os estatutos são muito claros», diz Poiares Maduro, «quanto a esta administração, ela manter-se-ia em funções dependendo de uma decisão do CGI quanto ao seu projecto estratégico». Como o CGI chumbou o projecto estratégico apresentado pela actual administração, «automaticamente a actual administração dissolve-se».
À entrada de um ano eleitoral, o ministro que substituiu Miguel Relvas, tendo ficado com a "pasta" da coordenação e comunicação política, afirma que o executivo «não pode governar para eleições, mas para as gerações futuras».
Dizendo não temer irritações por parte do PSD mais profundo e preocupado com os resultados das legislativas de 2015, Poiares Maduro defende que é falsa «a ideia de que se ganham eleições com medidas eleitoralistas, escondendo às pessoas as dificuldades que ainda temos pela frente».
Na semana em que o governo viu aprovados por Bruxelas os programas operacionais do novo quadro comunitário 2014-2020, Poiares Maduro insiste na ideia de que os 21 mil milhões à disposição de Portugal vão ser bem aplicados.
O ministro revela ainda que, para as empresas, a regra passa por fundos reembolsáveis, mas que há prémios para quem exceder as previsões de exportações ou criação de postos de trabalho, prémios na forma de parcelas de financiamento a fundo perdido.