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Inquérito BES: Revisor do GES garante que correção fiscal de Salgado não lesou o Estado

Lusa/Mário Cruz

O revisor oficial de contas e auditor do GES José Manuel Macedo Pereira disse hoje no parlamento que o Estado «não ficou lesado num cêntimo» com o RERT [Regime Extraordinário de Regularização Tributária] aplicado a Ricardo Salgado.

Declarando que a matéria está em segredo de justiça, Macedo Pereira, que fez assessoria da operação, sublinhou contudo que a Autoridade Tributária «teve sempre conhecimento de tudo» e «o Estado não ficou lesado num cêntimo» na operação.

O RERT é um regime excecional aplicável a património não localizado em Portugal numa certa data e que não foi declarado ao fisco, e que permitia aos seus detentores o pagamento de uma taxa única para repatriar esse património no estrangeiro.

Ricardo Salgado, lembrou o revisor do GES, é o «responsável» último e máximo pelas suas declarações fiscais, e quando voltar à comissão de inquérito poderá dar mais detalhes sobre o tema.

José Manuel Macedo Pereira está a ser ouvido desde as 9 horas na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo, onde também revelou que recusou fazer parte da auditoria ao banco, «apesar do salário substancial», por «não ser daqueles que entra mudo e sai calado».

Por outro lado, o revisor oficial de contas disse que essa era «belíssima forma de contar com favores» e de «manter a relação pessoal» com Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do BES.

Questionado pelo deputado do PSD Pedro Saraiva sobre porque é que «se zangaria com Ricardo Salgado» caso integrasse a auditoria ao banco, Macedo Pereira recordou «situações constrangedoras» de várias pessoas.

«Quando os vi lamber as botas ao Dr. Ricardo Salgado, que vi muitas vezes, quis sempre preservar a relação de amizade com o Dr. Ricardo Salgado», afirmou o revisor oficial de contas do GES.