Economia

BES: Pedido de Salgado de apoio institucional era na verdade pedido de tempo diz José Honório

Na comissão de inquérito ao caso BES está a ser ouvido o antigo administrador do Novo Banco. José Honório reconheceu que era muito próximo da gestão de Ricardo Salgado e confirmou a versão de Ricardo Salgado, de que foi pedida ajuda ao Governo dois meses antes do colapso do grupo e que a resposta foi negativa.

O ex-administrador do BES e do Novo Banco José Honório disse hoje que o apoio institucional que Ricardo Salgado pediu para o banco e o Grupo Espírito Santo (GES) era na verdade um pedido de «tempo» para resolver os problemas.

«Nas reuniões [do conselho superior do GES] em que estive presente, Ricardo Salgado tentou perceber que tipo de ajuda institucional podia ter. Leia-se, tempo», sublinhou José Honório na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES, onde está hoje a ser ouvido.

O antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado reuniu-se duas vezes em 2014 com o Presidente da República tendo alertado Cavaco Silva sobre os «riscos sistémicos» envolvendo o GES e o BES.

Em carta endereçada à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, e a que a agência Lusa teve acesso, Salgado detalha os encontros tidos com responsáveis políticos em 2014, dividindo as reuniões em duas fases.

A primeira fase de contactos deu-se em março e abril e nela foi abordada a «evolução do BES e a necessidade de assegurar que a transição da respetiva 'governance' decorresse de forma estável e controlada», e no segundo rol de encontros, em maio, deu-se um «pedido de apoio institucional e, ainda, [de] confiança nos planos de recuperação apresentados e na estratégia delineada».

É sobre as reuniões de maio de pedido institucional que José Honório disse hoje que Salgado pretendia efetivamente tempo das instituições para solucionar os problemas no grupo.