O Partido Comunista Português, o Bloco de Esquerda e o PS querem que o Presidente da República explique à comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo o teor das reuniões tidas com Ricardo Salgado. A maioria PSD-CDS, em principio, não se vai opôr.
«Precisamos de saber que respostas foram dadas e se os responsáveis políticos tinham consciência do impacto que teria a paragem do financiamento do Grupo Espírito Santo (GES) no próprio BES», declarou o deputado socialista Pedro Nuno Santos, coordenador do partido na comissão de inquérito.
O responsável falava aos jornalistas à margem da audição de hoje - do ex-administrador do BES e Novo Banco José Honório - e sucedeu a Miguel Tiago, do PCP, e Mariana Mortágua, do BE, que anunciaram também o desejo de que o chefe de Estado, Cavaco Silva, preste esclarecimentos junto dos deputados.
«Há informações que devem ser fornecidas à comissão de inquérito», diz o PCP, ao passo que o BE diz que o esclarecimento de Cavaco é «indispensável» para que a comissão de inquérito «possa apurar toda a verdade sobre os factos relevantes». O pedido do deputado comunista Miguel Tiago inclui ainda Paulo Portas, também referido na carta mais recente de Ricardo Salgado à Comissão.
Sobre estes pedidos, o PSD disse que quer conhecer os requerimentos da oposição para que o Presidente da República preste esclarecimentos na comissão de inquérito BES/GES, mas lembra que até ver não houve um único pedido de documentação ou audição chumbado. Quando os textos forem apresentados «veremos quais são os seus fundamentos», sublinhou o deputado coordenador do PSD na comissão de inquérito, Carlos Abreu Amorim.
Já a deputada Cecília Meireles do CDS considera que a oposição à esquerda está a fazer «um numero político» mas recorda que a disponibilidade de Portas ir ao Parlamento tinha sido assumida desde o início dos trabalhos.
O antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado reuniu-se duas vezes em 2014 com o Presidente da República tendo alertado Cavaco Silva sobre os «riscos sistémicos» envolvendo o GES e o BES, diz o ex-banqueiro em carta endereçada à comissão parlamentar de inquérito e a que a agência Lusa teve acesso.