Depois de aprovar à força uma lei económica que fraturou a sua maioria, o Governo socialista francês enfrenta hoje uma moção de censura da oposição, que praticamente não tem possibilidades de aprovação.
No caso de ser aprovada, o Governo de Manuel Valls cairia e o Presidente François Hollande deveria compor uma nova equipa que recolhesse a confiança da maioria dos deputados.
Mas os socialistas «frondeurs (rebeldes)», que se recusaram a votar numa controversa lei defendida pelo ministro da Economia, Emmanuel Macron, já anunciaram que não se unirão às vozes da direita.
«Ninguém evocou, nem por um momento, a ideia de votar na moção de censura», assegurou Christian Paul, um destes deputados socialistas.
«O debate não é para manter ou mudar o primeiro-ministro», mas sim «influenciar a direção do progresso social», referiu Pascal Cherki.
Este grupo de cerca de trinta deputados, que estão muito irritados contra as orientações económicas «sociais liberais» do Executivo, cruzaram a linha vermelha na terça-feira ao anunciar que se recusavam votar o projeto de lei «para o crescimento, a atividade e igualdade de oportunidades económicas», que prevê entre as diversas medidas uma extensão do trabalho ao domingo e uma flexibilização do código do trabalho.
O Governo francês espera que esta lei possa dar um pouco de tónus ao crescimento e mostrar às instâncias europeias a sua vontade de realizar uma reforma no país.
Argumentando que o texto do projeto de lei já tinha passado por 200 horas de debate na Assembleia e recebido cerca de mil emendas, o Governo decidiu utilizar o chamado «procedimento acelerado (chamado de 49-3, um artigo da Constituição)».
Assim, o projeto de lei não foi submetido a votos na Assembleia e será considerado adotado a menos que uma moção de censura retire a confiança ao governo de Manuel Valls.
O debate da moção de censura de centro-direita ao Governo francês será realizado às 18:00, hora local (17:00 em Lisboa).