Ouvido no Parlamento, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o Governo português reunirá «dentro de poucos meses» com os EUA e lembrou que nada está decidido.
O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje que a redução de trabalhadores portugueses na base das Lajes anunciada pelos Estados Unidos não cumpre a garantia assumida em 2013 pelo então secretário da Defesa norte-americano.
«Sobre os números finais após as reduções, que nos foram agora transmitidos - de 170 efetivos norte-americanos e de 380 civis portugueses - assinalámos que ainda não honram a garantia de um rácio de três trabalhadores portugueses por cada militar norte-americano, que foi dada pelo então secretário da Defesa, Leon Panetta, em janeiro de 2013, em Lisboa», afirmou Rui Machete, numa audição conjunta pelas comissões parlamentares dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, a propósito do futuro da base das Lajes.
Os números hoje apresentados na Assembleia da República pelo governante português não coincidem com o anúncio feito pelas autoridades norte-americanas, no início do ano, quanto à sua intenção de reduzir a presença na base das Lajes, na ilha Terceira, Açores.
A 08 de janeiro, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, anunciou a redução de 500 efetivos da base aérea portuguesa nas Lajes. No mesmo dia, o embaixador norte-americano em Lisboa, Robert Sherman, explicou que o objetivo é reduzir gradualmente os trabalhadores portugueses de 900 para 400 pessoas ao longo deste ano e os civis e militares norte-americanos passarão de 650 para 165.
Rui Machete disse que o Governo português reunirá «dentro de poucos meses» em Washington, numa reunião extraordinária da comissão bilateral permanente. O ministro diz que mantém a esperança num desfecho positivo, sublinhando que nada está decidido.
Rui Machete afirmou que, na primeira reunião da comissão bilateral, ocorrida a 11 de fevereiro em Lisboa, a posição das autoridades norte-americanas «não era satisfatória», pelo que o Governo português se empenhou em agendar um novo encontro «para que as posições iniciais não sejam solidificadas».
Na próxima sessão, que será agendada de forma extraordinária e que decorrerá em Washington, «entre maio e junho», Portugal e os Estados Unidos irão discutir o futuro da base das Lajes «de forma aprofundada», com o Governo português a «não aceitar a posição inicial», afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
Já o ministro da Defesa, que garantiu que os «EUA manterão todos os serviços de apoio à base das Lajes», defendeu que a ideia de redução não começou em 2013, nem sequer em 2011, mas há 6 anos.